Num encontro com jornalistas no âmbito da inauguração das obras de ampliação e renovação do Centro de Investigação & Desenvolvimento (I&D) da empresa farmacêutica na Trofa, no Porto, António Portela adiantou que 25 dos cerca de 100 novos cientistas a contratar serão recrutados já ao longo deste ano e de 2019.

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O objetivo deste reforço da equipa de I&D, disse, é assegurar uma aposta na inovação e um ritmo de desenvolvimento de novos projetos que garanta a manutenção do atual ritmo de crescimento a dois dígitos da faturação, que em 2017 aumentou 17% para 270 milhões de euros.

“Temos investido 20% da faturação em I&D e pretendemos aumentar o investimento em novas moléculas sem beliscar este rácio, de forma a continuarmos a ter uma boa saúde financeira. Para isso temos que crescer em faturação, alimentando novos projetos”, sustentou o presidente executivo.

Segundo referiu, este crescimento implicará também uma expansão da empresa a nível industrial, estando para o efeito previsto um investimento na ordem dos 12 milhões de euros entre 2019 e 2021 nas áreas industrial e de logística.

“Estamos a chegar ao limite da nossa capacidade industrial. A nossa ambição é de pelo menos duplicar a nossa capacidade industrial, para durar uns 15 a 20 anos”, afirmou António Portela.

De acordo com o responsável, a atual equipa de I&D da Bial – área onde a empresa investe anualmente uma média de 50 milhões de euros - integra investigadores de oito nacionalidades diferentes, apesar de a “maioria” serem portugueses, pretendendo-se que os novos profissionais a contratar sejam também, em grande parte, portugueses.

“Cada vez mais sentimos que os investigadores portugueses têm mais formação e mais peso e esperamos com isto ter capacidade para ir buscar alguns dos nossos melhores que estão fora e trazê-los para cá. Queremos também atrair investigadores portugueses aqui e atrair investigadores de áreas que nos são fundamentais e que não existem em Portugal”, afirmou.

Segundo António Portela, o crescimento da Bial assentará na expansão dos mercados externos, já que Portugal “praticamente não cresce, apenas um a 0,5%” ao ano, pelo que a tendência é para um reforço da vertente exportadora da empresa, que atualmente já responde por 70% da faturação (contra 30% em 2010), com destaque para os mercados de Espanha, EUA e Alemanha.

Do total da faturação da farmacêutica, cerca de um terço provém do medicamento para o tratamento da epilepsia Zebinix, o primeiro medicamento inovador de origem portuguesa, que foi lançado no mercado em 2009 após um investimento de 350 milhões de euros e está aprovado em 43 países, nomeadamente na Europa e nos EUA.

Já em comercialização em alguns países europeus a Bial tem também um outro medicamento - o Ongentys, para tratamento da doença de Parkinson - sendo o objetivo introduzi-lo este ano no resto da Europa e “levá-lo para os EUA, Japão e Coreia do Sul”, onde a empresa já tem “parceiros comerciais que estão a tratar da aprovação do medicamento”.

Prevendo que “antes de 2022” a empresa não conseguirá ter um novo medicamento no mercado”, António Portela salientou que a estratégia da farmacêutica passa, aliás, por manter a aposta nas áreas da neurociências e do sistema cardiovascular: “Vamos manter o foco nestas áreas, não vamos abrir novas áreas de investigação, mas capitalizar o que temos feito de bom até aqui”, sustentou.