O ilustrador espanhol Miguel Gallardo desenhou a história da filha María, autista, e o seu relacionamento com a sociedade, num livro editado este mês em Portugal, que é apresentado em Lisboa, segunda-feira, Dia Mundial da Consciencialização do Autismo.
"María e Eu", editado pela Asa, foi publicado em Espanha em 2008, quando María tinha 12 anos. O autor relata uma semana de férias com a filha, descrevendo as características particulares de quem é autista e a forma como os outros olham para ela, precisamente por causa do autismo.
"Não há quem fale nisto na primeira pessoa e com esta sensibilidade, por isso eu tinha que o publicar. Não é lamechas e tem sentido de humor", explicou a editora Maria José Pereira à Agência Lusa.
O livro valeu a Miguel Gallardo um prémio e duas nomeações na área da banda desenhada, em Espanha, foi adaptado para um documentário - apresentado no ano passado em Lisboa - e pode ser visto como "um relato, um livro de ajuda, um livro de banda desenhada", disse a editora.
"Um manual não convencional para educadores e profissionais que têm que lidar com este tipo de problemas", referiu.
Miguel Gallardo apresenta uma mancha gráfica que usa habitualmente com a filha María, imagens simples e inequívocas que relatam os rituais da filha, manifestações de alegria ou tristeza e alguns dos comportamentos de quem sofre desta síndrome.
O autor também desenhou as caras de quem não sabe lidar com María, de quem tem medo do desconhecido, da estranheza. "Gosto de desenhar para ela e que isso seja uma forma de comunicarmos", escreveu Miguel Gallardo.
"María e Eu" será apresentado na segunda-feira, na Fundação Calouste Gulbenkian, numa sessão que assinala o Dia Mundial da Consciencialização do Autismo, organizada pela Federação Portuguesa de Autismo.
No encontro serão debatidos os direitos das pessoas com autismo, com a presença de vários especialistas na área.
A presidente da Federação Portuguesa de Autismo, Isabel Cottinelli Telmo, considera aquele livro mais um instrumento para ajudar a explicar o que significa uma criança ter uma perturbação do desenvolvimento relacionada com o autismo.
"É um livro interessante para as crianças mais velhas, talvez do terceiro e quarto ciclos, porque têm mais dificuldade em aceitar as pessoas autistas", disse à agência Lusa.
No encontro em Lisboa, além do lançamento do livro, decorrerão debates com pediatras, pais, técnicos profissionais e representantes das várias associações que integram a Federação Portuguesa de Autismo.
30 de março de 2012
@Lusa
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