29 de abril de 2013 - 11h34

O autor das novas guidelines para o tratamento do pé diabético, Armando Mansilha, disse hoje que “entre 12 a 25%” dos pacientes com diabetes desenvolvem úlceras no pé, habitualmente designadas por pé diabético.

De acordo com este especialista em Angiologia e Cirurgia Vascular e professor na Faculdade de Medicina do Porto, os pacientes com esta doença têm o risco de amputação aumentado 15 a 30 vezes por comparação aos não diabéticos.

“Em Portugal, no ano de 2011, registaram-se quase dois mil doentes com diagnóstico de pé diabético, tendo sido realizadas 1.456 amputações, 670 das quais implicaram a excisão de uma parte significativa do pé”, salientou o especialista, referindo que “a taxa de mortalidade entre amputados chega aos 40% nos dois anos após a primeira cirurgia”.

Armando Mansilha considerou que “as úlceras do pé diabético e as suas consequências representam uma tragédia para os pacientes e para as suas famílias e um custo significativo para os sistemas de saúde e para a sociedade em geral”.

“É absolutamente necessário adotar uma abordagem multidisciplinar para tratar este problema e evitar a amputação. O pé diabético não é sempre igual, pelo que o tratamento deve ser adaptado a cada caso”, defendeu o autor das novas guidelines para o tratamento do pé diabético, já publicadas no The Journal of Cardiovascular Surgery.

O especialista referiu que “a primeira preocupação dos clínicos deve ser a prevenção”, considerando, por isso, fundamental “educar o doente e a família, sobretudo nos casos de maior risco, relativamente às medidas de higiene a adotar, hidratação, inspeção regular do pé e uso de calçado adequado pode fazer a diferença”.

Em termos de tratamento, “é a prescrição criteriosa de antibióticos, o cuidado com a aplicação e mudança de pensos e a recuperação do tecido através da criação de novos vasos sanguíneos (revascularização) que ditam o sucesso terapêutico”, acrescentou.

Por isso, o especialista apela aos profissionais de saúde para que “não removam tecido necrótico não infetado que possa ser reabilitado” através da revascularização.

A hospitalização do doente deve ser realizada quando há “infeções severas, feridas profundas, sinais de isquemia grave ou a perceção de que os cuidados em casa não serão adequados”.

A diabetes é uma doença crónica com graves implicações, estando associada a um maior risco cardiovascular, maior suscetibilidade a infeções, risco de cegueira e amputações.

Em 2012, cerca de 400 milhões de pessoas sofriam desta doença em todo o Mundo. Estima-se que a diabetes afete um milhão de portugueses.

Lusa