A gestão das reservas mundiais de vacinas contra a febre-amarela, cólera e meningite, para situações de emergência, é assegurada pelo International Coordinating Group (ICG), criado por organizações internacionais, incluindo a OMS e a UNICEF, em 1997.

Fonte da delegação de Luanda da OMS explicou hoje que o ICG atribuiu a Angola 2,3 milhões de doses adicionais da vacina, esperadas até esta sexta-feira.

"Quando chegarem, Angola terá recebido 14 milhões de doses da vacina", apontou a mesma fonte daquele organismo das Nações Unidas. A OMS assumiu que a resposta à epidemia de febre-amarela em Angola, que se propaga desde dezembro, levou pela primeira vez à rutura das reservas mundiais de emergência da vacina.

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A informação consta de um recente relatório da OMS sobre a propagação da epidemia de febre-amarela de Angola, a outros países africanos, como a República Democrática do Congo.

"A resposta ao surto de Angola esgotou as reservas globais de seis milhões de doses de vacina contra a febre-amarela, duas vezes este ano. Isso nunca aconteceu antes. No passado, o ICG nunca usou mais de quatro milhões de doses para controlar um surto num país", admitiu então a OMS.

A epidemia já matou em Angola 347 pessoas, até 20 de junho, dos quais 115 casos foram confirmados laboratorialmente.

Além disso, todas as províncias "têm casos confirmados laboratorialmente" e em 11 ocorre já "transmissão local" da doença.

"As campanhas de vacinação em larga escala que começaram em fevereiro atingiram quase 11 milhões de pessoas, de uma população alvo de 13.484.215", explica a OMS, em Luanda, que admite vir a incrementar o apoio a Angola.

"A OMS continuará a trabalhar com parceiros para ampliar os recursos humanos, logísticos, financeiros e outros necessários para que as equipas de resposta estejam presentes em todas as províncias de Angola onde casos foram relatados ou onde há alto risco. A OMS também prosseguirá os seus esforços de mobilização de recursos à medida que mais recursos são necessários para enfrentar os desafios operacionais em Angola", referiu a instituição.

As campanhas de vacinação em Angola recorrem ao apoio dos militares e contam com ajuda financeira e técnica da OMS e da comunidade internacional, para a aquisição de vacinas, tendo arrancado em Luanda, foco da epidemia, nos primeiros dias de fevereiro.

O ministro da Saúde de Angola, Luís Gomes Sambo, anunciou a 23 de maio, em Genebra, querer vacinar cerca de 24 milhões de pessoas, ou seja "toda a população-alvo" da atual epidemia de febre-amarela, mas admitiu que não havia no mercado vacinas suficientes.

A transmissão da doença é feita pela picada do mosquito (infetado) "aedes aegypti", que segundo a OMS, no início desta epidemia, estava presente, em algumas zonas de Viana, Luanda, em 100% das casas.

Trata-se do mesmo mosquito responsável pela transmissão da malária, a principal causa de morte em Angola, e que se reproduz em águas paradas e na concentração de lixo, dois problemas (época das chuvas e falta de limpeza de resíduos) que afetaram a capital angolana desde agosto passado.