Segundo um dos estudos, publicado na revista científica The Lancet, algumas crianças com malformações cerebrais não estão a ser diagnosticadas com o problema, porque têm cabeças de tamanho normal, e não os habituais crânios pequenos observados em crianças com microcefalia.
Mais de 100 bebés que foram "definitivamente ou provavelmente" infetados pelo Zika ainda no útero tinham cabeças de tamanhos normais mas outras malformações congénitas, conclui o estudo, que não garante que a causa das mesmas seja o referido vírus.
O crânio desenvolve-se completamente por volta da 30.ª semana de gravidez. Isso significa que "recém-nascidos infetados pelo vírus no final da gravidez podem passar despercebidos nos testes, porque o tamanho da cabeça está dentro do normal", afirmou o coautor do estudo, Cesar Victora, da Universidade Federal de Pelotas, no Rio Grande do Sul. A informação é da agência de notícias France Presse.
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Muitas mães de crianças infetadas pelo vírus também foram assintomáticas durante a gravidez, o que diminui ainda mais a probabilidade de diagnóstico.
Benigno para a maioria das pessoas, o vírus transmitido pelo mosquito Aedes aegypti tem sido associado a casos de microcefalia - diminuição do cérebro e do crânio - em bebés e a raros problemas neurológicos em adultos, como a síndrome de Guillain-Barré, que pode levar à paralisia e morte.
Na epidemia de Zika que começou no final de 2015, cerca de 1,5 milhões de pessoas foram infetadas e mais de 1.600 bebés nasceram com cabeças e cérebros anormalmente pequenos.
Para Cesar Victora, os médicos deveriam procurar outros indícios de malformações cerebrais, utilizando exames de ultrassom cerebral, por exemplo. Além disso, "precisamos de melhorar a deteção da infeção no sangue". Os autores dos referidos estudos especulam ainda a possibilidade dos bebés desenvolverem malformações cerebrais a partir de uma infeção posterior ao nascimento.
"O Zika afeta o cérebro em desenvolvimento e o desenvolvimento cerebral não para no nascimento, continua por toda a infância", recorda Cesar Victora.
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