Um estudo da Universidade do Porto realizado a 42 adolescentes de 15 e 16 anos concluiu que aqueles alunos avaliados se tornaram mais conscientes para resistirem ao uso de antibióticos e aos riscos na Saúde Pública.

“Receitas de microbiologia: antibióticos à ‘la carte’” foi um projeto deste verão focado na resistência a antibióticos e que demonstrou ser uma estratégia eficaz para a sensibilização de alunos do ensino secundário para a resistência a antibióticos e da importância da utilização racional destes medicamentos, disse, em entrevista à Lusa Maria João Fonseca, investigadora envolvida no estudo “Os riscos da resistência e uso de antibióticos: aprender com atividades práticas na Universidade Júnior”.

Ao contrário das intervenções educativas tradicionais sobre o correto uso de antibióticos, que se têm baseado maioritariamente em campanhas informativas de larga escala, o projeto com estudantes de ciência no ensino secundário foi desenvolvido com o objetivo de “tirar partido dos reconhecidos benefícios do trabalho laboratorial, exigindo o envolvimento ativo dos alunos na sua própria aprendizagem”, explicou a investigadora.

“Estávamos interessados em incentivar o interesse dos alunos e promover o raciocínio científico sobre os processos envolvidos na resistência a antibióticos”, acrescentou.

Através de experiências laboratoriais com “alho, hortelã, loureiro e outras ervas”, os alunos “aperceberam-se que se podem extrair compostos antibacterianos” e, depois, com a promoção de debates sobre Saúde Pública e utilização de antibióticos, foi possível “aumentar o conhecimento dos alunos e promover o desenvolvimento de competências procedimentais”, adiantou.

O responsável pelo projeto, Fernando Tavares, acrescenta que este estudo evidencia os benefícios que advêm da incorporação de atividades práticas em programas de educação em ciência.

“Acreditamos que os dados recolhidos ilustram a forma como os ambientes de aprendizagem informal, como o proporcionado pela Universidade Júnior, podem ter um impacto efetivo e mensurável nos nossos alunos e contribuir para promover a literacia científica acerca de assuntos sócio científicos essenciais entre as gerações futuras”.

Portugal é o 5.º país da União Europeia que mais consome antibióticos e estudos revelam que a população em geral continua mal informada sobre aspetos básicos relacionados com o modo de funcionamento dos antibióticos e adota frequentemente comportamentos errados.

A disseminação da resistência bacteriana a antibióticos constitui um problema crescente de Saúde Pública, que exige esforços concertados ao nível do desenvolvimento de intervenções educativas destinadas a sensibilizar o público e promover a utilização correta de antibióticos, é outra das conclusões do estudo.

13 de setembro de 2012
@Lusa