O presidente do Instituto Português do Sangue e Transplantação (IPS) anunciou hoje o início de uma campanha de sensibilização para a dádiva de sangue, não porque haja rutura de “stocks”, mas por necessidade de colheitas regulares.
“O Instituto Português do Sangue, juntamente com a comunicação social, vai dar início a algumas campanhas de promoção da dádiva de sangue, na tentativa de estabilizar essa mesma dádiva e de poder manter os níveis necessários para que haja um suprimento constante de sangue para todos os doentes que dele necessitam”, disse Hélder Trindade.
Em conferência de imprensa realizada em Lisboa, acrescentou: “Vamos tentar que nos próximos dias, quinta e sexta-feira, mais dadores vão aos locais habituais onde dão sangue e no sábado vamos tentar fazer um dia solidário”.
No sábado, “os dadores podem ir dar aos Centros Regionais de Sangue, em Lisboa, no Porto e em Coimbra, ao CEDACE [Centro Nacional de Dadores de Células de Medula Óssea, Estaminais ou de Sangue do Cordão] em Lisboa, no Centro de Histocompatibilidade do sul, aos hospitais e às brigadas que estão no terreno”.
O responsável admitiu que “este ano houve uma quebra de entre 15 e 20 por cento no número de colheitas”, reiterando que o cenário não é de emergência e há cerca de 9.000 unidades de sangue armazenadas, mas, como existe necessidade constante de reposição, é preciso que as dádivas sejam regulares.
“Não há propriamente a necessidade de fazer grandes colheitas, é preciso é haver colheitas regulares (…) A dádiva de sangue – é esse o apelo que eu faço – é preciso é que seja regular”, sublinhou.
Questionado sobre qual seria o “nível de colheitas confortável”, o presidente do Instituto Português do Sangue respondeu: “Quatrocentas mil colheitas por ano é o nosso objetivo para manter a situação tranquila”.
Outro dos objetivos desta campanha de sensibilização é criar um novo perfil de dador, o dador jovem que, na maior parte dos casos, “não dá sangue porque é saudável” e não lhe ocorre que poderá vir a precisar.
“A nossa população é uma população envelhecida e há limites para a dádiva – há doenças que aparecem com a idade – e têm de ser os jovens a alimentar a dádiva de sangue na sua totalidade em Portugal”, defendeu.
“Se nós não estivermos hoje a semear nos jovens essa vontade de dar sangue, é quase seguro que, por envelhecimento da população, vamos ter problemas no futuro”, vaticinou Hélder Trindade.
Sobre a participação do futebolista internacional português Carlos Martins na campanha, o presidente do IPS explicou que ele “é a figura que, dada a situação do seu filho Gustavo, permitiu que em Portugal, em três ou quatro meses, se reunissem mais de 40.000 novos potenciais dadores de medula óssea”.
“Portanto, mais do que ninguém, ao aderir à causa do sangue – e não é de mais dizer que não podemos pensar em transplantação de medula óssea sem que haja transfusões de sangue e plaquetas –, nós esperamos que mais dadores venham ser dadores de sangue”, acrescentou o responsável.
O futebolista, que participou na conferência de imprensa por videoconferência, fez seus os apelos de Hélder Trindade e agradeceu ao povo português a solidariedade demonstrada na doença do seu filho de três anos, uma aplasia medular (incapacidade de produção de plaquetas), apesar de ainda não ter sido encontrado um dador compatível.
“Continuamos com muita esperança”, concluiu.
15 de março de 2012
@Lusa
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