Sessenta e quatro por cento das mulheres em perimenopausa ou em plena menopausa admitem estar numa fase má ou muito má da vida, e nove em cada dez são afetadas por pelo menos um sintoma durante este período. Em média, as mulheres experienciam sete sintomas diferentes, destacando-se entre os mais comuns a gordura abdominal (57%), as ondas de calor (55%), as insónias/perturbações de sono (54%) e a fraqueza/cansaço (47%). Estas são algumas das conclusões do estudo “Menopausa: Como é vivida pelas mulheres em Portugal”, promovido pela Wells e realizado pela Return On Ideas, com coordenação científica do médico ginecologista e obstetra Joaquim Neves.
O estudo conta com uma amostra de mil mulheres entre os 45 e os 60 anos e procura compreender como as portuguesas vivem a menopausa, abordando questões como desinformação e impreparação, principais efeitos, cuidados adotados e o acompanhamento clínico desta fase da vida. Sendo uma experiência única para cada pessoa, o estudo revela que mais de metade (56%) das mulheres sentem os primeiros sinais antes dos 50 anos, com uma em cada quatro a começar a ter sintomas antes dos 46 anos. Para a maioria, os sintomas duram até dois anos e 34% das mulheres em plena menopausa consideram-nos intensos ou muito intensos.
O documento aponta para uma preocupante falta de preparação e informação entre as mulheres, com 81% a assumir não saber distinguir bem a menopausa da perimenopausa. Devido a esta falta de conhecimento, 52% das mulheres sentem-se pouco ou nada preparadas e 61% das mulheres em perimenopausa não planeiam tomar medidas preventivas antes dos primeiros sintomas. O documento indica também que o acompanhamento médico na menopausa é insuficiente: 38% das mulheres que se apercebem da aproximação à menopausa não procura um especialista ou demora pelo menos um ano a fazê-lo; 14% em plena menopausa ou pós-menopausa não tem qualquer acompanhamento por um profissional de saúde e 73% não faz qualquer tratamento específico.
A saúde mental é uma das dimensões mais afetadas nesta fase da vida, com 29% das mulheres em perimenopausa ou plena menopausa a avaliar o seu estado de saúde psicológico como pouco ou nada saudável, um dado que sustenta a ideia defendida por vários especialistas de que existe uma ‘janela de vulnerabilidade’ para a depressão e para a ansiedade nos anos da perimenopausa e subsequentes à menopausa. O inquérito confirma que estes efeitos são ainda pouco reconhecidos, com 63% das mulheres a não associar sintomas como falta de memória, dificuldade de concentração, ansiedade e depressão à menopausa.
A vida sexual das mulheres é também profundamente afetada durante este processo. O estudo mostra que 46% das mulheres em plena menopausa ou pós-menopausa com parceiro(a) reconhecem efeitos negativos na vida sexual, e 37% refere a perda de libido como um dos principais fatores que contribuem para uma vida sexual menos satisfatória.
Sobressaem igualmente as repercussões na autoimagem, com 39% das mulheres em plena menopausa ou pós-menopausa a admitirem que a sua autoestima foi afetada negativamente. Mais de metade das mulheres (55%) admitem que a menopausa alterou a forma como se veem, com os aspetos negativos, como o aumento de peso ou o parecer mais velha, a prevalecerem sobre os positivos.
O inquérito demonstra que persiste um silêncio em torno deste assunto e que as mulheres optam por abordar o tema em círculos fechados: 72% discute a menopausa entre amigas, e a maioria das que estão num relacionamento (60%) escolhe não falar sobre a situação o tema com o parceiro. As inquiridas indicam ainda a falta de apoio da sociedade e do mercado, com quatro em cada cinco mulheres a considerarem haver pouco debate sobre o tema, e três em cada cinco acreditam que as marcas devem ser mais proativas na resposta às necessidades das mulheres na menopausa.
Imagem de abertura do artigo cedida por Freepik.
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