Num comunicado conjunto, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), o Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola (FIDA) e o Programa Alimentar Mundial (PAM) assinalaram a possibilidade de um “recorde de 45 milhões de pessoas nos 16 países” serem afetadas pela “pior seca em 35 anos” no período de cultivo.

O documento assinala que “mais de 11 milhões de pessoas estão a viver níveis de ‘crise’ ou ‘emergência’ de insegurança alimentar”, em nove dos países do sul de África: Angola, Moçambique, Zimbabué, Zâmbia, Madagáscar, Maláui, Namíbia, Essuatíni e Lesoto.

“Tivemos a pior seca em 35 anos nas regiões centrais e ocidentais durante o período de cultivo”, afirmou a diretora regional da PAM para a África Austral, Margaret Malu, citada no comunicado.

A responsável defendeu a importância de se enfrentar uma “emergência crítica” que afeta milhões de pessoas, mas também do investimento “na construção da resiliência dos ameaçados pelas cada vez mais frequentes e graves secas, cheias e tempestades.

Nesse sentido, as três agências pedem “financiamento urgente” à comunidade internacional, de modo a “evitar uma grave crise alimentar” e para desenvolver a capacidade de “comunidades e países para as enfrentarem”.

O comunicado refere uma “crescente crise alimentar” que afeta tanto comunidades rurais como urbanas, e que é agravada pelo aumento dos preços de alimentos, perdas elevadas de gado e pelo crescente desemprego, fatores que agravam os níveis de subnutrição em comunidades em risco.

Em resposta, as agências da ONU que coassinam o comunicado afirmam que estão a intensificar a sua ação nos nove países, pretendendo apoiar mais de 11 milhões de pessoas até meados de 2020.

“As chuvas tardias, extensos períodos de seca, dois ciclones de grandes proporções e desafios económicos provaram ser uma receita para o desastre da segurança alimentar”, referiu o coordenador sub-regional da FAO para a África Austral, Alain Onibon.

O mesmo responsável destacou que podem serem necessários “pelo menos dois ou três períodos de cultivo para se retomar a produção normal”.

“Precisamos de garantir que agricultores e membros da comunidade agropastoril tiram partido das boas chuvadas (…) uma vez que serão fundamentais para que restabeleçam os seus meios de subsistência”, acrescentou.

O diretor do polo da FIDA na África Austral, Robson Mutandi, apontou que, “com a região tão suscetível a impactos e atingida por elevadas taxas de fome, desigualdade e pobreza estrutural crónica, as alterações climáticas são uma emergência cuja existência que deve ser atacada com a maior das urgências”.