Um ataque de riso daqueles que nos chegam a deixar com dificuldades em respirar e até com dor de barriga, para além de nos deixar de bom humor, contribui para o bem-estar geral e ajuda-nos a suportar a dor e o stresse. E, se for em companhia de outras pessoas, melhor ainda. Estas são as conclusões de um estudo levado a cabo pelo Institute of Social & Cultural Anthropology (ISCA) da University of Oxford e dão, mais uma vez, razão ao ditado popular que assegura que «rir é o melhor remédio».
O papel das endorfinas
Durante a investigação, os voluntários que visionaram séries como «Friends», «The Simpsons» e espetáculos de comédia ao vivo mostraram um nível de tolerância à dor dez vezes superior aos que tinham assistido a programas sobre natureza ou golfe. A explicação para este facto é puramente física e está associada à libertação de endorfinas, as substâncias analgésicas produzidas pelo cérebro e que têm propriedades semelhantes às da morfina e do ópio.
«Quando a gargalhada é livre e relaxada, o esforço envolvido e a exaustão gerada pelo esvaziamento dos pulmões desencadeia a libertação de endorfinas que se opõem à dor e ao stresse», explica Robin Dunbar, antropólogo evolucionista e líder do estudo.
Redução da dor
O investigador britânico acrescenta ainda que já está demonstrado por «outros estudos que quem ri mais após uma cirurgia toma menos medicamentos para as dores». Mas os benefícios do riso não se ficam por aqui. Em agosto de 2011, no Congresso da Sociedade Europeia de Cardiologia, Michael Miller, cardiologista e professor da University of Maryland Medical Center, também salientou a importância do riso para a saúde cardiovascular.
De acordo com uma investigação que este especialista realizou uns tempos antes, rir incrementa a função imunitária do organismo, ajuda a dilatar os vasos sanguíneos, a baixar a pressão arterial, a reduzir o stresse e até a combater a depressão, prevenindo estados depressivos.
Riso social
Os investigadores de Oxford acreditam que o riso é um mecanismo de socialização, daí que realcem que rir em companhia incrementa os benefícios de uma boa gargalhada. «O riso consegue juntar pequenos grupos de pessoas e somos mais generosos para aqueles com os quais partilhamos gargalhadas», afirma Robin Dunbar.
E, para além disso, como diz o antropólogo, «rimos 30 vezes mais das mesmas coisas quando estamos num grupo do que quando estamos sozinhos». Isto pode ser associado ao facto de, como diz o neurocientista Robert R. Provine, no livro «A Laughter: A Scientific Investigation», o riso ser um mecanismo contagioso e instintivo, que não conseguimos controlar conscientemente.
Como espoletar o riso
O que pode fazer para rir mais todos os dias:
- Estar com os amigos
- Ver filmes, séries, vídeos cómicos e espetáculos de comédia ao vivo
- Praticar yoga do riso
Texto: Rita Caetano com Robin Dunbar (antropólogo)
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