O médico de Medicina Geral e Familiar, designado também por médico de família, é aquele que, centrado na pessoa cuida dela como um todo inserido no seu contexto familiar, laboral, social e tendo em conta as diferentes etapas da sua vida.
Qual a mais valia do Médico de Medicina Geral e Familiar?
O Ser Humano é um ser complexo na sua identidade biopsicossocial e de facto a saúde é muitas vezes cuidada pelas diferentes perspectivas das diferentes especialidades. Contudo o somatório das especialidades não satisfaz a resolução dos problemas que surgem, já que estes não se circunscrevem a um órgão ou sistema de órgãos, abrangendo a interação dos órgãos no seu todo e a contextualização no meio envolvente.
O Ser Humano é mais do que uma manta de retalhos, é um puzzle organizado e bem encaixado em que todas as peças têm o papel principal na montagem e construção final. E por isso, o médico de Medicina Geral e Familiar é fundamental para gerir a construção do puzzle ao ser o primeiro contacto com os cuidados de saúde e assim poder ajudar na orientação para as áreas mais especializadas e adequadas ao problema e à pessoa. Por outro lado, o médico de Medicina Geral e Familiar é como que um gestor da saúde da pessoa quando afina o encaixe das peças e colabora na integração das indicações dadas pelas diferentes especialidades de forma a que estas não colidam com as outras ( por exemplo pode fazer a gestão dos tratamentos das várias especialidades, impedindo reações adversas decorrentes da junção dos mesmos).
Mas o médico de família não encerra aqui a sua capacidade, dado que ao praticar a Promoção da Saúde e a Medicina Preventiva com os vários rastreios que preconiza e os aconselhamentos vários de foro alimentar, actividade física, entre outros, promove essencialmente a qualidade de vida da pessoa.
Porque é importante um acompanhamento ao longo da vida?
A importância do médico de família só ganha significado quando há um seguimento da pessoa/família ao longo do tempo e esse seguimento é relevante quer enxertando-o no contexto da promoção de saúde, quer no contexto da prevenção de doenças. O seu médico, conhecendo-o no seu contexto, é capaz de o orientar para estilos de vida saudáveis incluindo os cuidados alimentares, a prática de exercício físico, a vacinação adequada ao quadro epidemiológico espacial e temporal, o aconselhamento em situações de viagens, o aconselhamento quanto ao abandono de hábitos nocivos (tabaco, álcool) de forma a promover a sua qualidade de vida ao seu expoente máximo. Por outro lado, esta qualidade de vida pode ser incrementada pela prevenção da doença através de diagnósticos precoces relacionados com queixas específicas e também diagnósticos precoces associados aos rastreios universais implementados pela DGS, sendo exemplos desses o rastreio do cancro colo-rectal, de cancro da mama ou de cancro do colo do útero.
Assim, uma consulta regular com intervalos variáveis para vigilância da saúde geral quer seja do desenvolvimento da criança e adolescente, da saúde de adulto e do idoso, da saúde da mulher, quer seja para vigilância de doenças crónicas como a Hipertensão e a Diabetes e recorrendo à avaliação de queixas, ao exame físico e a meios auxiliares de diagnóstico como estudo analitico do sangue, Electrocardiograma, Ecocardiograma ou outros exames de Imagem, torna-se na estratégia fundamental para a promoção da qualidade de vida de toda e qualquer pessoa, independentemente da faixa etária ou do contexto onde se insere.
Afinal, o médico de família tem como principal papel a promoção da qualidade de vida.
Um artigo de Maria Manuel Valente, Coordenadora de Medicina Geral e Familiar na Clínica CUF S. João da Madeira e Médica no Hospital CUF Trindade.
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