Como referido no texto anterior sobre o tema, a gestão emocional é uma capacidade fundamental para qualquer pessoa, que deve ser desenvolvida desde a infância. A investigação tem demonstrado que crianças com maior capacidade de gestão emocional têm maior probabilidade de se saírem bem na escola e nas relações sociais. Sendo este processo um trabalho de equipa, no qual o adulto facilita a aprendizagem das crianças, é necessário compreender algumas linhas condutoras para as ajudar gerir o seu mundo emocional deve:
- Dar o exemplo: segundo Alan Kazdin, psicólogo da Universidade de Yale e diretor do Centro de Parentalidade de Yale, os estudos têm mostrado que a frase “Faz o que digo, não faças o que eu faço” é ridícula. O que as crianças veem, as crianças fazem. Os pais devem servir de modelo dos filhos, sendo que observar os pais a gerir com sucesso as suas emoções, incentiva as crianças a fazer o mesmo.
- Manter a calma, apesar de ser especialmente difícil em determinados momentos. Isso pode pressupor ir para outra divisão e voltar quando estiver mais calmo. O objetivo não é evitar a situação, mas gerir as próprias emoções para depois conseguir ajudar e ensinar a criança. Pode experimentar segurar as mãos da criança e, juntamente com ela, respirar lentamente, dizendo algo como “estás um pouco zangada e eu também estou a ficar. Vamos respirar um pouco para nos acalmarmos e conseguirmos perceber melhor a situação”.
- Treinar comportamentos pode ser benéfico. Em momentos em que a criança está calma, podem ser discutidas situações difíceis de gerir e o que fazer em cada uma delas. Isto pode ter feito a partir de um pequeno teatro ou role-play em que podem ensaiar a situação.
- Punir menos e elogiar mais. É importante comunicar e antecipar as consequências negativas de determinados comportamentos, de forma coerente e consistente. No entanto, quando os pais são demasiado rígidos e severos, o comportamento da criança pode ser agravado, assim como a sua saúde e dificuldade de gerir emoções. Comportamentos positivos devem ser elogiados, como forma de o reforçar.
- Gerir as suas expetativas. Não é espectável que uma criança se comporte perfeitamente sempre, principalmente em momentos de maior intensidade emocional. Nestes momentos, é provável que a criança não se consiga regular e que precise do seu apoio.
Importa manter presente que, para que os pais consigam atuar e aplicar corretamente estas indicações devem também, primeiramente, aprender a gerir as suas próprias emoções. Este passo necessário não só facilitará a aprendizagem da criança, como contribuirá para uma melhor gestão do processo, e frustrações associadas, tanto da criança, como do adulto. Caso necessário, também os pais devem recorrer a ajuda especializada, para um desenvolvimento pessoal, mas também parental, aprendendo a gerir de forma saudável as responsabilidades e exigências da parentalidade.
Crianças que gerem as suas emoções tornam-se adultos que gerem as suas emoções. A infância é o tempo de ir adquirindo e treinando um conjunto de recursos emocionais essenciais. Não obstante, é importante saber quando pedir ajuda. Caso exista uma dificuldade de gestão emocional persistente e intensa, não hesite em procurar ajuda psicológica.
Um artigo dos psicólogos clínicos Samuel Silva e Mauro Paulino, da MIND | Instituto de Psicologia Clínica e Forense.
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