O diagnóstico da doença de Lyme é realizado através do historial clínico do paciente, recolha dos dados epidemiológicos, um exame físico pormenorizado, complementados com dados laboratoriais com recurso a métodos de diagnóstico direto (antigénicos, moleculares e microbiológicos) e indiretos (serológicos). 

Nos testes serológicos identificam-se geralmente dois tipos de anticorpos: IgM que surge duas a três semanas após início da sintomatologia e a IgG que aparece após oito semanas. Nos casos clínicos em que as serologias iniciais sejam negativas podemos estar na presença de quadros mais precoces da doença, estando recomendada a repetição do estudo serológico cerca de duas a quatro semanas após a avaliação inicial. Estes incluem técnicas de imunofluorescência, ELISA e a técnica de WB. 

Os testes serológicos apresentam algumas limitações. Os doentes podem apresentar resultados falsos-positivos na sequência de reações cruzadas com outras infeções ou doenças autoimunes. Por outro lado, na fase inicial da infeção surgem geralmente resultados falsos-negativos pois não é possível detetar logo a presença dos anticorpos. Outra limitação é a persistência de imunoglobulinas (IgM e IgG) positivas por anos ou décadas após a infeção ter sido erradicada. Desta forma, os testes serológicos podem não refletir uma infeção ativa.

Os métodos de diagnóstico laboratorial direto surgem como testes complementares aos métodos serológicos. Incluem os testes de amplificação de ácidos nucleicos, por PCR, métodos culturais e testes antigénicos, apresentando maior especificidade. O recurso aos diferentes testes laboratoriais é analisado tendo em consideração as diferentes fases e manifestações clínicas da doença. 

Nos pacientes com suspeita clínica devem ser realizados outros exames laboratoriais complementares de diagnóstico, como um hemograma completo, velocidade de hemossedimentação, proteína-C reativa, bioquímica geral com função renal e hepática, função tiroideia e urina II. Geralmente existe elevação dos marcadores de fase aguda (Proteína C-reativa e Velocidade de hemossedimentação), aumento ligeiro das transaminases e hematúria microscópica ou proteinúria. 

Um artigo do médico Germano de Sousa, Especialista em Patologia Clínica.