Todos nós gostamos de nos sentir seguros e confiantes no nosso dia a dia, seja nas relações que estabelecemos, seja na forma como olhamos para nós próprios ou como nos apresentamos ao mundo. Mais do que gostarmos de estar seguros de nós próprios é uma necessidade e uma condição essencial ao nosso bem-estar.

No entanto, em contraponto, apesar dessa necessidade, quase todos nós em algum momento da nossa vida, já nos sentimos inseguros, sendo que, para alguns de nós, essa insegurança pode tornar-se tão forte que é capaz de contaminar a forma como nos relacionamos no dia a dia com todas as nossas exigências.

  A verdade é que a insegurança interna tem o poder de nos condicionar, de nos bloquear e de nos impedir de sermos a nossa melhor versão. Ainda assim, como forma de nos protegermos, muitas vezes não olhamos para as nossas inseguranças e procuramos escondê-las através de comportamentos que consideramos mais adaptados.

Há alguns comportamentos típicos que, apesar de não parecerem, escondem insegurança interna, são eles: 

  • Não aceitar as próprias falhas - quando se é incapaz de lidar com as falhas, ou com a possibilidade de errar, regra geral, esta incapacidade esconde uma grande insegurança. Isto é, à medida que uma pessoa se sente menos capaz, procura esconder essa insegurança fugindo a todo o custo de contextos, ou relações, em que exista a possibilidade de uma eventual falha. 
  • Exponenciar as próprias qualidades - ter um comportamento excessivamente vaidoso, ocupando muito espaço a falar de si e das suas qualidades, é muitas vezes uma defesa base para as suas inseguranças. Enquanto mostra os seus melhores lados incessantemente, espera a todo o custo que ninguém olhe para os seus piores lados e para tudo aquilo que se passa dentro de si de menos bonito ou mais confuso. 
  • Procurar controlar excessivamente - uma forma de se fugir da insegurança é fazer uma grande força de controlo aos gestos mais espontâneos, como forma de garantir que se corresponde às expectativas dos outros. Ao mesmo tempo que faz uma tentativa de controlo dos contextos em que se move e das relações. Enquanto se controla aquilo que se vivencia, cria-se a ilusão que mais facilmente os outros nos percepcionam como mais adequados e nos valorizam. 

Quando se tem, habitualmente, comportamentos que permitem esconder a insegurança, é essencial ganhar clareza sobre esses comportamentos e perceber a sua função na dinâmica do dia a dia. É a partir dessa clareza, que se pode desejar inverter a insegurança interna e evitar que ela, mesmo mascarada, contamine o bem-estar de quem a vive. 

Um artigo das psicólogas clínicas Cátia Lopo e Sara Almeida, da Escola do Sentir.