
Preparar a consoada requer engenho para a cozinha mas também mestria na hora de ir às compras. Os hipermercados Continente começam a preparar esta quadra mágica com bastante antecedência. “Há toda uma articulação que tem de ser feita, entre os vários departamentos da Sonae, e depois entre as lojas, os fornecedores. O processo é complexo”, explica Luís Tomás, diretor da loja do Centro Comercial Colombo, em Lisboa.
Nas lojas Continente a época festiva tem a sua abertura oficial no primeiro fim-de-semana de novembro. “Os nossos clientes já estão habituados, porque já o fazemos há alguns anos: nesse fim-de-semana fazemos uma promoção com desconto de 50% em todos os brinquedos”. Afinal de contas, estes são dos presentes mais apetecíveis, porque embora algumas famílias, com orçamentos mais magros, dispensem as ofertas, entre adultos, às crianças raramente falta um embrulho no sapatinho.
Compras são feitas todos os dias do ano, mas nota-se um aumento de clientela, como adianta Luís Tomás, “a partir do início de dezembro. Para a última hora, normalmente, as pessoas só deixam os frescos, como é o caso das hortaliças e couves, a fruta – o ananás é muito tradicional nesta época – e alguns doces tradicionais de Natal, que temos de confeção própria”.
Falar em compras, num hipermercado, ainda que para uma época específica, como o Natal, é difícil porque, na realidade, todos os artigos têm saída. Uns mais do que outros, naturalmente, mas… “os portugueses gostam de ter mesas de consoada compostas. Se vamos a ver tudo, pode dizer-se que não há secção por onde os clientes não passem”.
Ainda assim, há um produto que vem, imediatamente, à cabeça do diretor de loja, quando se pergunta qual o bem que está, constantemente, a ser colocado e reposto nas prateleiras: “Os ovos! Nesta altura do ano, os ovos voam! E não podem faltar…” Além dos ovos, também “as farinhas, o açúcar, tudo o que faz parte dos ingredientes da doçaria da época. Temos esse serviço, na padaria e pastelaria, mas ainda há muitas pessoas que preferem fazer os seus próprios doces em casa. No Norte, por ser uma tradição mais local, vendemos muitas embalagens de aletria”.
O bacalhau, rei das consoadas, começa a ser vendido com maior antecedência. “Vamos mantendo os preços, mais ou menos, constantes, a partir de outubro. O público sabe disso e vai comprando, com tempo. Vendemos bacalhau salgado e congelado, mas o salgado continua a ter mais saída”, observa Luís Tomás, junto à exposição dos peixes salgados, dos mais variados tamanhos. E, mesmo para as donas de casa mais desesperadas, não há como enganar: junto ao bacalhau há um cartaz onde se explica como demolhar o peixe e durante quantas horas, consoante o seu peso.
Leitão e marisco também são alternativas, para as noites de consoada. Ainda assim, em “menor quantidade do que no Ano Novo”. Os vinhos e os chocolates têm muita saída, sobretudo mesmo em cima da noite de Natal. “Os chocolates acabam por funcionar como presentes de última hora. O mesmo acontece com os melhores vinhos. Aliás, este ano até abrimos uma “cave”, junto à zona de vinho, com as melhores marcas e mais caras. Além de muitas pessoas comprarem vinhos para oferecer, também gostam de ter bons vinhos à mesa, na consoada”.
A correria acaba às 19 horas do dia 24 de dezembro, quando o hipermercado fecha portas. Afinal, o Natal é para todos e passado em família, pelos funcionários que, diariamente, em turnos e divididos pelas várias secções da loja, fazem o seu melhor para agradar mesmo aos mais exigentes porque, como admite o diretor de loja, “apesar de não me lembrar de uma situação insólita ou algum pedido mais estranho… o cliente tem sempre razão”.
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