No Soão, após uma degustação repleta de sabores fortes e variados, chega-nos uma proposta, aparentemente, improvável, whisky e chá. Estranho? A resposta é não. No Soão há três pairings diferentes. Foram criados por Vasco Martins, head bartender do restaurante, em conjunto com o tea sommelier Sebastian Figueiras, fundador da Companhia Portugueza do Chá.
Após ter eleito dois whiskys japoneses e um taiwanês, perfeitos para o momento pós-refeição, Vasco reuniu-se com Sebastian para encontrar os chás que pudessem fazer parte desta experiência, tal como acontece na China, elevando as principais notas aromáticas de ambas as bebidas. “O momento do pairing é uma cerimónia e por isso leva o seu tempo. Ainda que o cliente se demore no restaurante após terminar a refeição, queremos que quando regressar a casa leve consigo os sabores e os aromas da experiência”, explica Vasco Martins.
O resultado é surpreendente e atenção: o whisky deve ser bebido sem gelo. O chá é servido a aproximadamente 60 ºC, para não aniquilar o paladar, sempre em louças gaiwan (no caso em taças da Dinastia Ming chinesa), num desafio ao cliente para que, em complemento com o que acontece com os pratos que experimentar, prove bebidas diferentes do habitual.
KAVALAN KING CAR CONDUCTOR (TAIWAN) E CHÁ GIN XUAN OOLONG THAI (TAILÂNDIA)
Conhecido como “chá do dragão preto”, é produzido há mais de 40 anos no norte da Tailândia numa antiga plantação de ópio, reconvertida nos anos 90 num cultivo de camélias. Aveludado e resistente, o chá prepara o palato para uma explosão de notas frutadas como a papaia, a baunilha e as flores de florestas densas e húmidas a descobrir neste single malt. (12,50 euros)
YANAZAKI 12 ANOS (JAPÃO) E MILKY OOLONG (CHINA)
É um dos mais raros chás do mundo, produzido à mão na província de Fujian, com uma secagem muito cuidada, por cima de soro de leite, o que lhe confere notas a manteiga Butterscotch. Harmoniza com as notas de frutos de verão suculentos, como o pêssego e a baunilha. É uma combinação mais doce, untuosa e amanteigada, com um final de boca longo, complexo e sedoso, com notas de canela. (19,50 euros).
NIKKA FROM THE BARREL (JAPÃO) E LAPSANG AÇORES (PORTUGAL)
É uma junção inesperada e improvável, uma histórica ponte entre Portugal e o Oriente. O blend exclusivo dos Açores é fumado, com uma secagem a fogo de lenha, notas de tabaco, floresta molhada pela chuva e pinho. Por isso, adiciona ao whisky, muito equilibrado e harmonioso, notas mais intensas a fumado e enxofre. Quem diria que casariam tão bem? (9.50 euros)
Mas, antes destas opções de final da refeição, há outras, ideais para acompanhar os pad-thai, os dim sum, o sushi e a tom yum.
Os seis cocktails da casa juntam no shaker tradição, com ingredientes e bebidas de paragens asiáticas. Por exemplo, o Patong, que entretanto se tornou célebre na cidade, é uma mistura de rum chalong bay, rum ryoma, leite de coco, sumo de lima, xarope de star fruit, scrub de manga e aromáticos (11.50 euros); o Xangai traz-nos aguardente chinesa, dragon fruit, oyster syrup e xarope buddhas hand (11.50 euros); e o Bombaim tem rum amrut, manga, canela em rama, xarope de amêndoa e rosas, e sementes de aipo.
Além disso, o restaurante dispõe vários tipos de saké e soju, ideais para acompanharem uma refeição na agitada robata do piso térreo, ou no ambiente misterioso e secreto das salas privadas no andar de baixo.
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