“É um sonho desde que Portugal apareceu no Guia Michelin Espanha e Portugal, em 1910. É o reconhecimento do esforço, da evolução e do prestígio que a gastronomia portuguesa tem”, declarou Luís Araújo, à margem da gala de apresentação da edição de 2023 do guia que distingue os melhores restaurantes ibéricos, que decorreu na terça-feira à noite na cidade espanhola de Toledo.
O diretor internacional do Guia Michelin, Gwendal Poullennec, anunciou, durante a cerimónia, que a partir de 2023, Portugal e Espanha passarão a ter cerimónias separadas, uma forma de destacar o trabalho que a cozinha de cada país tem realizado.
“É termos a gala e um guia específico para Portugal, com, esperamos nós, muito mais estrelas, muito mais gastronomia e principalmente muito mais foco naquilo que é um turismo de qualidade, que é aquilo que nós queremos para o nosso país”, disse Luís Araújo.
Portugal tem, no guia do próximo ano, cinco novos restaurantes com uma estrela (cozinha de grande nível, compensa parar): Encanto (José Avillez), Kabuki Lisboa (Paulo Alves), Kanazawa (Paulo Morais) – em Lisboa –, Euskalduna Studio (Vasco Coelho Santos) e Le Monument (Julien Montbabut), ambos no Porto.
Na edição de 2023, Portugal mantém todas as distinções anteriores, acumulando um total de 31 restaurantes com uma estrela e sete com duas estrelas (cozinha excelente, vale a pena o desvio).
Nenhum restaurante português tem a distinção máxima (três estrelas, uma cozinha única, justifica a viagem).
Em Espanha, dois restaurantes alcançaram as três estrelas (Átrio e Cocina Hermanos Torres), totalizando agora 13 estabelecimentos com esta classificação, enquanto outros três ascenderam às duas estrelas e 29 receberam a primeira estrela.
Para o responsável do Turismo de Portugal, o país “tem tudo para conquistar as três estrelas e muito mais”, mas “obviamente estas coisas precisam de tempo e de atenção”.
“Hoje temos uma gastronomia única, absolutamente extraordinária, e mais do que isso, esta é uma profissão de valor, que vale a pena abraçar”, defendeu Luís Araújo, para quem a distinção com três estrelas é algo muito esperado, mas também “o reconhecimento de muito trabalho por parte de muita gente”.
O Turismo de Portugal, adiantou, está a trabalhar com o Guia Michelin para organizar a próxima gala, a primeira exclusivamente portuguesa, em que serão anunciados os restaurantes portugueses distinguidos.
“A partir do próximo ano, não vamos ter apenas uma celebração, mas duas, em Espanha e Portugal”, anunciou Gwendal Poullennec, na abertura da cerimónia de apresentação do guia do próximo ano, que decorreu na terça-feira à noite na cidade espanhola de Toledo.
“Não vamos voltar a desvendar a seleção ao mesmo tempo, mas vamos dar aos dois destinos a sua própria celebração”, adiantou, acrescentando: “As cenas culinárias dos dois países merecem o seu próprio impulso e queremos promover melhor o que as faz únicas”.
Desde 2009, quando se assinalou o primeiro centenário da criação do Guia Michelin ibérico, em 1910, cada edição é apresentada numa cerimónia, que decorre normalmente numa cidade espanhola – apenas em 2018 Lisboa acolheu o evento.
“Com a organização de um evento próprio em Portugal, a revelação da seleção de restaurantes e a consequente implementação de conteúdos editoriais e de comunicação, que serão partilhados nas nossas diferentes plataformas, queremos contribuir para a promoção de Portugal como destino gastronómico europeu incontornável”, referiu o guia, em comunicado.
O guia de 2023 reúne um total de 1.401 restaurantes em Espanha, Portugal e Andorra, incluindo 13 com três estrelas, 41 com duas estrelas e 235 com uma estrela, além de 831 recomendados pela sua qualidade (135 novos, 15 em Portugal).
Os inspetores do Guia Michelin, que trabalham de forma anónima, valorizam a qualidade dos produtos, o domínio dos pontos de cozinha e das texturas, o equilíbrio e harmonia dos sabores, a personalidade da cozinha e a regularidade.
Toledo foi este ano a cidade escolhida para acolher a gala de apresentação, com cerca de 700 convidados. Após a gala, será servida uma refeição, que irá destacar os produtos da região de Castela-A Mancha, coordenada pelos ‘chefs’ de dois restaurantes locais, ambos com duas estrelas: Ivan Cerdeño (restaurante Iván Cerdeño) e Fran Martínez (Maralba).
Criado no início do século XX para ajudar os viajantes nas suas deslocações, o Guia Michelin é hoje considerado uma referência mundial na qualificação de restaurantes, estando presente em 40 países. Portugal entrou no roteiro em 1910.
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