Depois de se colocar o vinho à temperatura desejada, o que se consegue com relativa facilidade através do respetivo controlo com o termómetro, importa pois que, durante a refeição, não haja grandes oscilações e que o vinho se mantenha o máximo de tempo possível à temperatura pretendida.
A forma mais clássica de preservar uma temperatura baixa continua a ser o balde de gelo, mas é necessária alguma atenção de modo a evitar que o vinho fique exageradamente frio.
Assim, é importante ir controlando essa evolução e, se necessário, retirar o vinho completamente do contacto com o gelo. Claro está, para evitar qualquer pequeno embaraço, convém estar munido de um guardanapo ou pano para evitar que escorram pingos de água para um convidado ou até para a comida.
Há ainda outro detalhe que convém não descurar: a diferença entre a temperatura ambiente e a temperatura do recipiente provoca condensação do frio, o que faz com que o recipiente transpire e possa causar algum estrago num móvel, por exemplo. Por isso, é conveniente colocar, por exemplo, um guardanapo de pano para absorver essa humidade.
Outra possibilidade passa pelas mangas isotérmicas que se colocam no congelador para refrescar as bolsas de líquido e que, depois, “vestem” a garrafa e ajudam o vinho a manter-se fresco.
É necessária alguma atenção de modo a evitar que o vinho fique exageradamente frio.
O balde isotérmico de terracota é também bonito visualmente - uma hora antes, deve ser refrescado com água e gelo retirando-se, posteriormente, para colocar a garrafa, assegurando-se que se mantém fresca por um período de duas horas.
O duplo cilindro de plástico em vácuo também causa um bonito efeito - basta colocar a garrafa fresca e o espaço em vazio funciona como isolante da temperatura envolvente para a garrafa.
Todos estes modelos e formas servem para os vinhos que se deverão consumir mais frescos, tais como os brancos, rosés, espumantes e alguns generosos.
Estabilizar a temperatura nos vinhos tintos
Nos vinhos tintos o panorama é contrário. Normalmente este assunto seria abordado de acordo com a perspetiva tradicionalista de que o vinho viria da cave e que se deveria elevar à "temperatura ambiente", deixando a garrafa um par de horas na vertical até que, lentamente, alcançasse a temperatura certa para consumo. A única parte acertada… é que qualquer processo deste género deve ser realizado sem pressas. Tudo o resto não faz, atualmente, qualquer sentido.
Infelizmente, graças a esta e outras ideias que teimam persistir, boa parte dos vinhos tintos acaba por nos chegar à mesa a uma temperatura bem acima do que é aconselhável. É urgente deixarmos cair os chavões da "temperatura ambiente", do "chambrear" e do “arejar” dos vinhos. Os tintos devem ser consumidos num intervalo entre os 16 ºC e os 18 ºC.
Se tiver uma cave frigorífica, daquelas de conservação e envelhecimento que mantêm a temperatura relativamente constante em torno dos 14 ºC, o que terá a fazer é retirar o vinho com alguma antecedência e deixar que a temperatura atinja os cerca de 18 ºC (no máximo), de forma progressiva.
Infelizmente, graças a esta e outras ideias que teimam persistir, boa parte dos vinhos tintos acaba por nos chegar à mesa a uma temperatura bem acima do que é aconselhável.
Se a temperatura ambiente do espaço em que vamos apreciar o vinho for elevada, em torno dos 25 ºC ou mais graus, a temperatura do vinho deve ser acautelada com o recurso a um balde de gelo e água - neste caso não muito gelo e convém verificar a temperatura do vinho com um termómetro.
Como a maioria de nós acaba por ter o vinho a uma temperatura mais elevada que o recomendável, o ideal será, cerca de uma hora antes, colocar a garrafa na parte menos fresca de um frigorífico e ir controlando a temperatura. Deve tentar-se que o vinho se mantenha numa faixa de temperatura entre os 16 ºC e os 18 ºC, podendo até usar-se algum dos utensílios também recomendados para vinhos brancos.
Obviamente, apesar destas sugestões, o gosto e o hábito ainda fazem a lei do consumo, mas o mais importante é que se faça um esforço para que se possa apreciar os vinhos de uma forma em que mostrem verdadeiramente todas as suas características e potencialidades. Para isso, a temperatura mais adequada é um dos melhores modos de o conseguir.
O que a todo o custo se deve evitar é manter o dogma dos brancos bem gelados e dos tintos "chambreados". Uma tabela de temperaturas e um termómetro serão preciosos aliados para uma primeira fase de habituação às temperaturas recomendadas.
Artigo escrito originalmente na revista Wine.
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