Para preparar uma apelativa e nutritiva sopa de abóbora, não terá de saber que este fruto da aboboreira pertence à família das cucurbitáceas e que tem como parente próximo o melão. Também não lhe é exigido saber que, a abóbora é uma reconhecida fonte de fibras, ou que o seu consumo, nas américas, será anterior a cinco mil anos antes de Cristo.
De facto, para ter no prato uma aconchegante sopa de abóbora, é-lhe dispensada toda esta informação. Contudo, fazendo justiça ao termo de que “o saber não ocupa lugar”, mais vale partirmos com uma vantagem, a de pudermos contar à miudagem umas histórias sobre a abóbora enquanto lhes enchemos a malga de caldo caloroso, quente de cor e de suavidade vegetal e de lhes explicar que há mais vida para este fruto do que somente alumiar a Noite das Bruxas.
Só mais um apontamento, então, antes de partirmos para os tachos, o de sabermos que a abóbora só no século XVI chegaria à Europa onde se tornou soberana.
Comecemos, “há que descascar a banana”, como se usa dizer. No caso vertente, descascar a abóbora. Pode saltar este item. Nos lineares das superfícies comerciais vai encontrá-la previamente descascada, cortada e ensacada. Agora, se é companheira/o das boas práticas ambientais, opte por adquirir a abóbora por inteiro. Verá que o preço é substancialmente inferior. Traz outra vantagem, pode guardar todos os cachos de sementes, fonte muito rica de proteínas e ferro e usá-los mais tarde.
Não se preocupe em procurar as abóboras da moda, adquira-as correntes, por exemplo a comumente chamada “Moranga”. Vai reconhecê-la, por ser aquela que apresenta grandes gomos na casca, aquela que associamos à Noite de Halloween.
Reúna aproximadamente 750 gramas de abóbora, depois de descascada e cortada em cubos de três por três centímetros. Tem, aqui, a sua base e agora vai começar a magia.
Forno com a nossa abóbora
Não olhe para a panela, vire-se para o forno. Pré aqueça-o a 180 ºC. É aqui, no calor do forno, que arranca esta nossa sopa.
Vamos assar a nossa abóbora antes de a convertermos em puré. Acentua-lhe o doce, mima-a com um toque a fumado delicioso.
Muito fácil. Disponha os pedaços de abóbora num tabuleiro de forno. Regue-a levemente (não lhe dê banho) com azeite. Não vale o investimento em azeite virgem extra. Escolha um azeite corrente, vai poupar na carteira.
Um truque, junte uma batatinha-doce (se escolher da Comporta ou de Algezur não lhe fica mal), uma cebola, também cortadas em quadrados e sem casca. Vão casar sem discussão com a nossa abóbora. Pode, ainda, adicionar dois dentes de alho sem casca.
Salpique de sal grosso, enfeite com pimenta preta moída na hora e, forno.
Volvidos 40 a 50 minutos, a nossa abóbora estará melosa, agradada com o calor e, será momento de a trazermos para a temperatura da cozinha. Não esquecer que durante o assado há que remexer os vegetais pelo menos uma vez.
Hora de um banho de imersão quentinho
Agora iremos dar à abóbora um banho quente. Leve os vegetais ao lume num tacho largo. Junte-lhes um caldo de carne, algo entre as duas e três chávenas bem nutridas, não se acanhe. Para obtê-lo, indo por atalho, aqueça água, adicione-lhe um cubo de caldo de galinha e deixe dissolver.
Não verta de imediato todo o caldo. Apalpe o terreno. Ou seja, com a varinha mágica reduza a sua abóbora e batata-doce (caso a tenha adicionado) a um puré mais ou menos líquido de acordo com o seu gosto.
O ideal é uma sopa cremosa, cedendo com alguma resistência ao avanço da colher.
Nos retoques finais, a magia
Deixe a sopa borbulhar levemente e, ponto final, tem o seu creme concluído. Retifique de sal e pimenta se for a gosto, assim como uma pitada de tomilho seco. E porque não, afoitar-se com uns pedacinhos de bacon frigidos em azeite, estaladiços, para contraste com o creme? E como sabem bem uns pedacinhos de miolo de noz ou umas “pipocas” de grão-de-bico tostadas.
Uma nota final. No momento de servir, junte contraste de cor à sua sopa de abóbora assada. “Pincele-a” com natas azedas. Basta verter uma colher de sopa por terrina. Remate com um fiozinho de azeite virgem extra (agora sim é momento de usar um azeite de primeira).
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