Numa Lisboa que vive há décadas uma relação esquizofrénica com o rio, tão próximo e tão longe, é um ato de terapêutica noticiar a abertura de uma nova esplanada para ele voltada. Para mais se essa abertura se dá numa avenida que nos últimos anos tende a desaparecer do mapa da Lisboa turística. O que é grave, a 24 de Julho beija o rio, e vice-versa, mas os dois comportam-se um pouco como os casais que acabam por se deitar de costas voltadas e com uma almofada de permeio. No caso vertente, não uma almofada, mas a linha férrea, entenda-se. Toda esta conversa para chegar a este anúncio: a artéria nobre frente ao Tejo acaba de receber este abril a primeira esplanada. Não, não é mais uma esplanada. É a esplanada inaugural, fincada sobre o produto final das obras de requalificação urbana nesta zona.
Uma esplanada que traz assinatura, a do restaurante Popolo – Pizza & Burger. Este espaço comemora dois anos e, alegria do destino, fá-lo precisamente no momento em que os passeios da Avenida 24 de Julho ganham uns bons seis ou sete metros de avanço sobre o alcatrão. Queixam-se alguns do lugares de estacionamento entretanto surripiados. Regozijam-se outros (como é o caso) de poderem esticar as pernas onde antes descansavam quatro rodas sobre puro asfalto.
O Popolo, restaurante do Grupo Doca de Santo, faz esta estreia e com pinta, como se usa dizer. A esplanada tem ampla capacidade, 60 pessoas. Acrescem mais 20 lugares na “antiga” esplanada, esta virada para a Avenida D. Carlos I, em frente ao IADE, desembocando na Avenida 24 de Julho.
E depois de nos sentarmos à sombra? O cliente habitual sabe o que vai encontrar, uma oferta assente integralmente em pizzas, hambúrgueres e saladas. A cozinha é descontraída. Mas não se confunde atitude relaxada com comida sensaborona. A carne do hambúrguer tem proveniência e raça, novilho do Alentejo (Mertolenga) e dos Açores (Turina). A peça que nos chega no pão apresenta-se suculenta. O pão, com sementes de papoila, é feito nos fornos do Popolo e, como garante o Grupo Doca de Santo, “a massa produzida diariamente, cozida em forno de lenha”. Do mesmo forno de onde sai a seleção de pizzas da casa. No caso concreto provámos uma Pizza Genovese (12,20 euros). Agradou a simplicidade na apresentação, sem aparato desnecessário. Massa fina, estaladiça quanto baste, sem crocante em exagero. Queijo Mozzarella proporcional à massa, molho de tomate sem agredir e uns espargos verdes a cortar o travo mais salgado das fatias de presunto. Uma ementa de pizzas que apresenta outras sete propostas, todas com queijo Mozzarella, o incontornável molho de tomate, variando o que se lhes acrescenta, dos cogumelos frescos, aos pimentos padron, espinafres salteados, nozes, uvas.
A carta neste abril de 2017 estreia um “Special”, uma Pizzata Burguesa (10,40 euros). Traduzindo, massa de pizza a envolver um hambúrguer. Uma espécie de calzone que faz o “dois em um” com a oferta da casa. De referir, ainda, o conceito que vem importado de outro restaurante do Grupo, o Bunker (Doca de Santos), o do hambúrguer “Inside Out”. Um conceito originário do Minesota, nos Estados Unidos e que, muito sucintamente, se explica assim: o molho do hambúrguer deixa de ser uma cobertura e passa a ser um recheio, aninhado na carne.
Os palatos mais gulosos encontram em fim de refeição perto de uma dezena de propostas que convivem bem com o açúcar. Mousse de chocolate preto (4,10 euros), Gelado de iogurte com compota de framboesa (5,20 euros), Affogato (4,10 euros), Brownie com gelado (5,20 euros), apenas para citar quatro mimos.
Um restaurante com uma simpática carta de vinhos espraiando as suas referências pelo Douro, Tejo e Alentejo e com pontuais incursões nos néctares italianos. Carta de sangrias que junta à de Tinto e de Branco, a de Rosé, Espumante e de Frutos Vermelhos e uma seleção de cervejas convencional.
Recorde-se que o Popolo abriu portas a 14 de Abril de 2015, pela mão de Bernardo Daupiás Alves, do Grupo Doca de Santo.
Av. 24 de Julho nº50
Horário: Todos os dias, das 12h30 às 1h00.
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