A 11 de maio de 2025, Valentino Garavani celebra 93 anos de vida. E com eles, mais de seis décadas a redefinir o que é elegância. O criador italiano é muito mais do que o fundador de uma das casas de moda mais influentes do mundo: é um símbolo de sofisticação, criatividade e legado. Para assinalar esta data especial, reunimos curiosidades fascinantes sobre Valentino, que mostram o homem por detrás do “vermelho Valentino”, das passerelles de Paris e do brilho eterno de Hollywood.

1. O "Vermelho Valentino": a cor da paixão e da elegância

O "Vermelho Valentino" não é uma cor. Além de uma assinatura, é uma afirmação. Criado pelo próprio estilista, este tom, quase perfeito na sua intensidade, carrega consigo uma força arrebatadora, mas ao mesmo tempo uma certa delicadeza que encanta. Valentino descreveu-o assim, como a fusão de duas qualidades opostas, mas complementares - a força e a delicadeza - representando a sua visão de moda. Um vermelho que não passa despercebido, mas que, ao mesmo tempo, emana poder e elegância com uma simplicidade impressionante. Desde o seu primeiro desfile, este tom tornou-se um verdadeiro ícone da sua marca, uma cor que não simboliza o que é a alta-costura italiana, mas também o legado de luxo e sofisticação que Valentino construiu ao longo das décadas. O mesmo afirmou, uma vez, que "o vermelho é uma cor que me leva de volta à minha infância."

2. De sonho de cinema a realidade: a influência de Hollywood em Valentino

Desde cedo, Valentino apaixonou-se pelo glamour do cinema. Essa admiração marcou profundamente a sua estética: vestidos pensados para brilhar nos grandes ecrãs e no tapete vermelho, onde o estilo e o espetáculo caminham lado a lado.

Ao longo da sua carreira, o criador vestiu algumas das maiores estrelas de Hollywood: Elizabeth Taylor, Sophia Loren, Julia Roberts, Sharon Stone e Anne Hathaway, entre muitas outras. Em 2001, Julia Roberts subiu ao palco dos Óscares para receber o prémio de Melhor Actriz com um vestido vintage de Valentino, gesto que não homenageou o estilista, como também reacendeu o fascínio por peças clássicas de alta-costura.

Mas, acima de todas, foi Jacqueline Kennedy Onassis quem se destacou como a sua grande musa. Em 1968, escolheu Valentino para desenhar o vestido de noiva do seu casamento com Aristóteles Onassis. A relação entre ambos prolongou-se durante anos, marcada por uma confiança e admiração mútuas. Para Valentino, Jackie representava a sofisticação natural e discreta que ele tanto prezava. Para ela, ele era o guardião do seu estilo.

3. Animal Print com assinatura Valentino, uma elegância selvagem

Muito antes de o animal print ser considerado uma escolha de luxo nas passerelles, Valentino lhe dava estatuto de sofisticação. Em 1967, o criador apresentou um icónico motivo de tigre numa das suas colecções de alta-costura, eternizado numa sessão fotográfica com a modelo Veruschka. Essa imagem, ousada e elegante, marcou o início de uma relação duradoura entre o estilista e os padrões de inspiração animal.

Nos anos 1980, o estilista voltou a apostar em força neste padrão. A coleção de 1987 destacou-se pelo uso de estampados de leopardo e pantera em tecidos nobres como caxemira e camurça. Uma ousadia para a época, mas que, nas suas mãos, se tornou sinónimo de requinte. Sem nunca cair no exagero, Valentino provou que até o selvagem pode ser subtil.

4. O primeiro grande sucesso de Valentino: a estreia marcante em Florença e a "White Collection"

A primeira grande vitória de Valentino aconteceu em 1962, quando fez a estreia em grande estilo no mundo da alta-costura, aos 30 anos, com um desfile na Sala Bianca do Palazzo Pitti, em Florença. Esse evento não foi apenas uma exibição de roupas, mas uma afirmação poderosa da capacidade da alta-costura italiana em oferecer algo novo e sofisticado. A coleção foi um enorme sucesso, chamando a atenção dos compradores internacionais e da imprensa, e colocando o estilista,  no centro das atenções da moda mundial.

Seis anos depois, em 1968, Valentino apresentou a icónica "White Collection", um desfile revolucionário composto exclusivamente por vestidos brancos. A coleção foi um marco na sua carreira, destacando-se pela ousadia e simplicidade de um único tom, que representava pureza e elegância. Essa coleção solidificou ainda mais o nome de Valentino no cenário internacional, demonstrando a sua capacidade de inovar enquanto mantinha a sofisticação e o glamour característicos da sua marca.

5. O design de calçado: uma paixão à parte na moda

Embora Valentino Garavani seja mais conhecido pelos seus icónicos vestidos de alta-costura, o calçado também teve um papel relevante no universo estético da casa de moda que fundou. A elegância e atenção ao detalhe que caracterizam o seu trabalho estenderam-se ao design de sapatos, sempre concebidos como uma extensão natural do vestuário.

após a sua saída da direção criativa, a marca Valentino continuou a inovar neste segmento, sendo as famosas sandálias Rockstud, lançadas sob a direção de Maria Grazia Chiuri e Pierpaolo Piccioli, um exemplo claro do impacto duradouro do ADN da casa. Estas sandálias, com as suas emblemáticas tachas metálicas, tornaram-se sinónimo de estilo contemporâneo e desejo global, reforçando o legado da marca no universo dos acessórios de luxo.

6. O adeus às passerelles: uma despedida digna da realeza da moda

Em 2008, Valentino anunciou a sua reforma do mundo da moda, encerrando um capítulo de mais de 45 anos à frente da sua Maison. O desfile de despedida, realizado em Paris, no Musée Rodin em janeiro de 2008, foi uma celebração emotiva da sua carreira, com modelos como Naomi Campbell e Gisele Bündchen a desfilar em sua honra.

Com um desfile de um conjunto de modelos em vestidos na sua cor assinatura no final, o momento ficou gravado como um dos mais emocionantes da história da alta-costura. Foi a forma perfeita de sair de cena: com gratidão, com beleza e, claro, com vermelho.

7. “The Last Emperor”: o documentário que revelou o homem por detrás do mito

Em 2009, o documentário Valentino: The Last Emperor ofereceu um olhar íntimo e sem filtros sobre o quotidiano do estilista, a sua obsessão pelo detalhe e a longa parceria com Giancarlo Giammetti, cofundador da marca e figura central na sua vida pessoal e profissional.

O filme humaniza a figura mítica, revelando as tensões, as manias e a imensa dedicação que definem um verdadeiro mestre da alta-costura.

8. Um império intocado pelo tempo: o legado contínuo da Casa Valentino

Desde que Valentino Garavani se despediu das passerelles em 2008, a Maison provou ser mais do que o reflexo de um criador: é uma instituição viva da moda italiana. O seu legado, fundado sobre uma elegância clássica e uma devoção quase religiosa à perfeição artesanal, não perdurou como se adaptou aos novos tempos, sem nunca perder o fio que o une ao seu criador.

Sob a direção de Maria Grazia Chiuri e Pierpaolo Piccioli, entre 2008 e 2016, a marca encontrou um equilíbrio delicado entre inovação e respeito pelas raízes. Foi nesse período que nasceram os famosos sapatos Rockstud, símbolo de um novo luxo urbano e sofisticado, e que as coleções se abriram a uma linguagem mais jovem, etérea e global.

A partir de 2016, Pierpaolo Piccioli assumiu sozinho a direção criativa e trouxe uma visão profundamente poética, marcada por silhuetas mais modernas e inclusivas, uma paleta vibrante e uma forte aposta na representação da diversidade, sem nunca abdicar da costura de excelência que define a casa. Foi sob a sua liderança que Valentino voltou a ser considerado um dos nomes mais relevantes da alta-costura contemporânea, tanto pelo público como pela crítica.

Em 2024, a saída de Piccioli abriu caminho a uma nova era: Alessandro Michele, ex-Gucci, foi anunciado como o novo diretor criativo da marca. Um nome associado ao maximalismo e à reinvenção da herança, Michele representa uma aposta arrojada, mas coerente com o espírito disruptivo que sempre habitou o coração de Valentino. A expetativa é alta: poderá Michele manter a alma da casa enquanto lhe imprime a sua assinatura barroca?

Independentemente dos nomes à frente da criação, o que se mantém intocável é o ADN da marca. Porque Valentino nunca foi apenas um homem. Foi, e é, uma ideia de beleza absoluta. Uma ideia que continua a desfilar, viva, nas passerelles do mundo.