“Como será a mala do futuro?” Este foi o desafio lançado pela exposição “Carry Me: 100 anos de Malas”, que conta a história de malas icónicas, desde 1920, até aos dias de hoje, a Valentim Quaresma. O designer de moda respondeu com uma criação exclusiva que foi apresentada esta segunda-feira no Centro Comercial Colombo, em Lisboa. “Futuro Anacrónico” foi o nome e conceito escolhido para aquela que, para si, é a representação da mala do futuro: uma peça com um design simples, mas repleta de significado e simbolismo.
“A mala do futuro é uma mala digital”, afirma Valentim Quaresma, que se apoiou em materiais como latão, cobre e ferro para dar vida a este item de look pós-apocalíptico cujo processo de planificação foi bastante simples e rápido. “Eu não desenho as peças que faço. Nenhuma. Nem as esculturas, nem moda, nem arte, nem joalharia. Eu começo logo a fazer o objeto que me proponho a fazer. Sai tudo da cabeça. Tenho desenho mental.”
Para o criador português a parte mais desafiante foi perceber de que forma é que podia projetar o futuro numa mala que, até 25 de outubro, vai conviver ao lado de cerca de 50 exemplares criados por marcas como Dior, Chanel, Hermès, Gucci ou Alexander McQueen.
“Esta mala é um meio para chegar a um fim, não é o produto final. O produto final é a transformação que se faz virtualmente. Estamos cada vez mais num mundo virtual, com os NFTS e etc., e a projeção foi essa”, afirma o também embaixador desta mostra que faz questão de aludir à dualidade desta criação. “Tenho um universo criativo anacrónico e criei uma peça que se for colocada dentro de um ambiente futurista fica com um ar retro e que se for colocada num ambiente retro pode ficar com um ar futurista.”
E esta não seria uma peça da autoria de Valentim Quaresma sem incorporar aqueles que são dois traços distintivos do seu trabalho: a moda sem género e o movimento upcycling. Ao apostar num formato quadrado e num design simples – que nos remete para uma caixa e que consegue agregar uma dimensão masculina à mala - , o estilista pretende mostrar que, apesar de ser uma peça tradicionalmente associada ao universo feminino, esta pode ser usada por todos. Para além disso, é de destacar o reaproveitamento de mecanismos de máquinas e relógios antigos que ganharam uma nova vida e propósito graças à criatividade e capacidade artística do criador português e que lhe valeram este convite.
“Nós convidámos o Valentim Quaresma não só por ser um estilista reconhecido no mundo da moda, mas precisamente porque também é um artista. Nos seus desfiles de moda tem sempre algumas criações artísticas e achamos que esta valência de juntar a moda com a arte faz todo o sentido para este projeto ‘A Arte Chegou ao Colombo’”, explicou Astrid Suer, CEO da State of the Arte (SOTA), sobre esta exposição que, depois de percorrer países como Suécia e Dinamarca, chega pela primeira vez a um espaço público.
Este exemplar criado por Valentim Quaresma - que vai muito mais além do seu lado funcional e vem fazer uma nova ponte entre o passado e o presente - pretende ser um espelho da sociedade contemporânea e convidar os visitantes a uma reflexão profunda sobre os desafios complexos que o mundo enfrenta atualmente. "É um objeto que se transforma, que se vai adaptando sempre ao longo dos tempos e que reflete o tempo através das engrenagens", conclui o designer.
A exposição “Carry me - 100 anos de malas”, organizada em colaboração com a Expona – Museum Exhibition Network e com a curadoria de Marjo Riitta Saloniemi, Günther Fulterer e Alex Susanna, marca a 14ª edição do projeto “A Arte Chegou ao Colombo” e vai estar patente na Praça Central do Centro Comercial Colombo, em Lisboa, até 25 de outubro.
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