Nascida a 17 de fevereiro de 1917, na província de Kalinga nas Filipinas, Apo Whang-Od é a mais antiga tatuadora do país.

A este recorde juntou agora o de mulher mais velha a figurar na capa da revista Vogue, título anteriormente detido pela atriz britânica, Judi Dench, que foi capa da Vogue em 2020, aos 85 anos.

Com 106 anos de idade, a imagem da filipina surpreende pela jovialidade e aspeto cuidado, onde não passam despercebidas as inúmeras tatuagens que lhe cobrem o corpo. À publicação falou sobre a sua vida, mas essencialmente sobre a sua arte.

Batok é o nome que se dá a esta técnica de tatuagem tradicional filipina, que pode só pode ser transmitida entre familiares.

Apo Whang-Od tem vindo a quebrar barreiras desde cedo, quando aos 16 anos se tornou a primeira mulher mambatok - nome dado aos tatuadores - graças aos ensinamentos do seu pai.

Esta técnica ancestral consiste na pintura da pele com recurso a um pau de bambu com um espinho na ponta. Apesar de bastante rápida, garante quem já se submeteu a esta forma de tatuagem, que é bem mais dolorosa do que a técnica ocidental, com recurso a uma agulha.

Quando começou a tatuar, Apo viajava por toda a província para tatuar as comunidades indígenas com os símbolos sagrados dos seus antepassados. Entre as tribos as tatuagens significavam, no caso dos homens, a iniciação na formação de guerreiros e, entre as mulheres, uma forma de evocar a fertilidade e a beleza.

Com o passar do tempo, esta tradição começou a perder força e até a ser vista com algum preconceito, contudo, recentemente, esta forma de arte voltou a ganhar força, especialmente entre a comunidade internacional, sendo muitos os turistas que procuram um mambatok para os tatuar.

Para dar resposta à crescente procura e, acima de tudo, manter esta tradição bem viva, Apo Whang-Od já transmitiu o seu conhecimento a duas sobrinhas-netas, mas conta manter-se ativa enquanto a sua visão lho permitir.

Em declarações à CNN, Bea Valdes, editora-chefe da “Vogue” filipina, justificou esta escolha para a capa da revista: "Sentimos que Apo representa os nossos ideais no que respeita ao que há de belo na cultura filipina. Acreditamos, por isso, que o conceito de beleza precisa de evoluir e de se tornar mais inclusivo e com rostos diversos".