A cor em tons laranja dos vasos e cantis de cerâmica que todos reconhecemos como sendo de Nisa, no Alto Alentejo, ganham flores desenhadas à mão e contornadas com pedrinhas de quartzo branco. É assim desde o tempo dos visigodos, que encontraram na Serra de São Miguel, ali ao lado, o lugar perfeito para este ofício utilitário. O Projeto Serra chegou centenas de anos depois, mas quis homenagear este território com um colete que conta a história desta serra, de Nisa, da olaria pedrada e das pessoas que a fazem.

 A estreia do colete no portefólio do Projeto Serra deve-se à necessidade de conforto e “mãos livres” que o oleiro deve ter no momento em que está na roda a manusear a argila. Além disso, o barro extraído da Serra de São Miguel, que é perfeito para a refrigeração da água nos dias de maior calor alentejano, é também conhecido pela cor alaranjada que tende a tingir. Por isso, os três primos fundadores do Projeto Serra, Tiago Pinto, João Duarte e Ricardo Amaral, quiseram que o colete, em forma e cor, já honrasse o oleiro e a sua matéria-prima.

Olaria de Nisa e as suas pedrinhas brancas inspiram colete para dias que pedem agasalho 
Projeto Serra

Porém, falar da Olaria de Nisa é mencionar a parceria do oleiro com a pedradeira, isto é, uma figura historicamente feminina responsável por ornamentar as peças. Na peça ainda crua, a pedradeira replica os desenhos dos bordados da região, muitas vezes flores, com uma agulha e, depois, preenche-os com pedrinhas brancas de quartzo, também captado na Serra de São Miguel. O “pedrar”, que distingue Nisa das restantes cerâmicas nacionais, é celebrado no logotipo do Projeto Serra, bordado em pespontos individuais, como se tivesse sido pedrado.

Olaria de Nisa e as suas pedrinhas brancas inspiram colete para dias que pedem agasalho 
Projeto Serra

A homenagem resulta num colete em malha Sherpa em castanho alaranjado, com forro polar cinza no interior. Esta peça é feita em Portugal, numa produção sustentável. O Colete São Miguel custa 105 euros e pode ser adquirido aqui. Na compra do colete é oferecido um emblema que replica a flor de Nisa para ser colocado no agasalho, numa mochila ou em qualquer outro lugar.

Olaria de Nisa e as suas pedrinhas brancas inspiram colete para dias que pedem agasalho 
Projeto Serra

Durante o processo de criação do colete, os primos tiveram oportunidade de visitar e aprender mais sobre o ofício com o Sr. Pequito, mestre oleiro há mais de 70 anos na vila de Nisa, com a sua esposa Joaquina e a aprendiz Ilda Marques. Além da vontade de partilhar as histórias que ouviram com a comunidade do Projeto Serra, quiseram também fazer perdurar a sua ligação com estes artesãos, pelo que, até ao Natal, devem haver novidades que unem a marca de outwear portuguesa aos protagonistas da Olaria Pedrada de Nisa.

“Esta é, para nós, a missão do Projeto Serra – que as nossas peças sejam o ponto de partida para uma conversa, uma iniciativa ou uma visita às montanhas e às pessoas que vamos homenageando. Sempre que possível fomentamos o diálogo, os negócios e os locais que visitamos junto dos nossos seguidores. Divulgação, financiamento direto ou indireto e projeção é o que tentamos trazer aos territórios”, refere Tiago Pinto, cofundador do Projeto Serra.