Tudo aconteceu longe dos holofotes das passerelles mais cobiçadas da cidade, num desfile realizado junto a um hotel próximo à famosa Times Square, e onde nenhuma das modelos era famosa.
Tratou-se mais de um evento abertamente político organizado pela advogada e empresária Myriam Chalek, que se tornou conhecida por organizar desfiles com pessoas marginalizadas.
Se marcas como Tom Ford também apoiaram nesta semana o empoderamento feminino, Myriam afirmou que este foi o objetivo primordial do seu espetáculo.
"Sinto que cada mulher tem algum tipo de responsabilidade de fazer algo e contribuir para a mudança", disse à Agência France-Presse (AFP). "Se dizemos que é hora de mudança, ou que o tempo acabou, então temos de fazer algo a esse respeito."
As roupas não foram as estrelas do espetáculo, embora a advogada, 30, tenha afirmado que a combinação de pele e couro de um lado, e o tule e seda de outro, mostravam tanto força quanto feminilidade.
"A diferença neste espetáculo de moda é que um dos critérios para escolher as modelos é que elas tivessem sido vítimas de condutas sexuais impróprias", explicou.
Máscara de porco
Depois de desfilarem para cerca de 200 convidados, as oito modelos pegaram no microfone junto a um homem vestido de preto e que usava uma máscara de porco e falaram sobre as situações de abuso de que foram alvo.
Em poucos minutos, contaram as histórias de como um amigo da família, um namorado ou outro homem as assediou, agrediu ou violou, sendo que a maioria teve lugar anos antes.
"Estar aqui e falar sobre isto é muito importante... realmente lamento dizer 'eu também', mas estou muito feliz por, finalmente, fazermos algo a este respeito", acrescentou, provocando aplausos.
Após os relatos trágicos das modelos, Myriam considerou ter alcançado o seu objetivo. Antes do desfile, havia afirmado: "Se conseguirmos sair do silêncio (...) não será apenas uma mulher, já será uma vitória".
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