"Liliane Bettencourt faleceu esta noite na sua residência. Faria 95 anos no dia 21 de outubro. A minha mãe partiu tranquilamente", afirmou a filha, Françoise Bettencourt Meyers, em comunicado.

À frente de uma fortuna estimada em quase 33,5 mil milhões de euros, em 2017, Bettencourt era a mulher mais rica do mundo e ocupava o 14º lugar no ranking geral dos mais ricos segundo a revista 'Forbes'.

Para além disso também era detentora da segunda maior fortuna de França, atrás de Bernard Arnault, presidente do grupo de luxo LVMH.

Vítima de Alzheimer e posta sob tutela, a empresária estava afastada da vida pública desde 2012, ano em que deixou o conselho administrativo da L'Oréal e qualquer papel de liderança dentro do grupo.

A holding familiar Thétys é a acionista majoritária da L'Oréal, com 33,05% a 31 de dezembro de 2016. Thétys é presidida pela filha, Françoise, mas Liliane Bettencourt conservava o usufruto.

Batalha judicial

Nos últimos dez anos, Liliane Bettencourt esteve no centro de uma batalha judicial que fez com que os seus conflitos familiares se tornassem de conhecimento público.

O caso principal, conhecido como "dossier Bettencourt", baseou-se em acusações de "abuso de confiança".

No final de 2007, Françoise Bettencourt Meyers acusou o fotógrafo François-Marie Banier, amigo íntimo da milionária, de se ter aproveitado da vulnerabilidade da mãe para obter centenas de milhões de euros em doações.

Banier foi condenado em apelação, a 24 de agosto de 2016, a quatro anos de prisão e ao pagamento de 375 mil euros de multa por ter enriquecido de forma abusiva.

Noutro episódio do caso Bettencourt, o político e ex-ministro Eric Woerth, ex-tesoureiro do partido do ex-presidente Nicolas Sarkozy, UMP (agora LR), foi acusado de tráfico de influências, mas foi declarado inocente.

Nascida a 21 de outubro de 1922, em Paris, Liliane foi educada com rigor nos dominicanos. A sua mãe, pianista, faleceu quando a empresária tinha cinco anos.

Dez anos depois, dava seus primeiros passos na L'Oréal. Bettencourt era considerada depositária da obra do pai, Eugène Schueller, fundador da empresa.

O grupo, um verdadeiro império de cosméticos, que hoje vende maquilhagem, crémes e champôs no mundo todo, teve, em 2016, uma faturação de 25,8 mil milhões de euros e emprega cerca de 90 mil pessoas.

Num comunicado separado, o CEO da L'Oréal, Jean-Paul Agon, manifestou a sua "imensa tristeza" pelo falecimento de Bettencourt.

"Todos nós admirávamos profundamente a Liliane Bettencourt, que sempre velou pela L'Oréal, a empresa e os seus colaboradores, e estava muito comprometida com o seu sucesso e desenvolvimento", acrescentou Agon.

"Neste momento doloroso para nós, gostaria de reiterar, em nome da nossa família, todo o nosso apego e lealdade à L'Oréal e renovar a minha confiança no seu presidente, Jean-Paul Agon, e nas equipas do mundo todo", indicou Françoise Bettencourt Meyers.