Como já é hábito, o desfile da Dolce&Gabbana aconteceu durante a tarde no Metropol, a sede da empresa de alta-costura em Milão.
Na abertura, surpreenderam com um vídeo a preto e branco onde mostravam os dois estilistas a trabalhar no seu atelier, a desenhar as roupas, a cortar os tecidos e a definir os detalhes da coleção, enquanto a música de Nino Rota tocava.
No final do vídeo, a luz passou a iluminar o palco, onde pesadas cortinas vermelhas se abriram, mostrando dois monumentais jarros de flores e um lustre de cristal, evocando um teatro de outra época.
As modelos começaram a desfilar sob a música do filme "Amarcord", de Federico Fellini, enquanto um mestre de cerimónias comentava em inglês do seu púlpito como num desfile de antigamente.
"Senhoras! Se querem ser tão bonitas quanto uma pintura Renascentista, estes vestidos são para vocês!", disse o mestre de cerimónias.
O resto do desfile foi acompanhado de novos comentários sobre os materiais utilizados, elementos decorativos e fontes de inspiração.
Depois do smoking que abriu o desfile, passaram pela passerelle vestidos de noite mais leves, como saídos de filmes de Hollywood, e em cores típicas das confeitarias sicilianas: cannolo, cassata ou marzipã.
Depois, vestidos decorados com motivos inspirados nas obras da arte surrealista.
As modelos exibiram brocados, lantejoulas e flores "para incorporar a nova primavera de Botticelli", segundo o mestre de cerimónias.
Para fechar o espetáculo, "preto, preto e mais preto", outra marca registada do estilo da casa italiana.
O atelier de Modigliani
Um pouco mais tarde, o estilista Antonio Marras também transportou o público para outra época, embora neste caso mais especificamente para uma Paris cheia de artistas do início do século XX, como Pablo Picasso, Chaim Soutine, Kiki de Montparnasse... E, obviamente, Modigliani.
Foi o atelier deste pintor italiano que o estilista recriou no seu salão em Milão.
A decoração foi despojada: cadeiras diferentes, sofás antigos, algumas cadeiras danificadas para o público se acomodar, mesas cobertas com pincéis, telas no chão, cavaletes, lençóis, espelhos antigos...
"Há muita França neste desfile", disse Marras à AFP no backstage do evento.
"Eu queria recriar o atelier de Modigliani em Paris como uma casa, um quarto onde artistas se reúnem, vivem, pintam. Nesta forma de habitar o espaço, mas também de se vestir da maneira mais conformista quanto possível", acrescentou.
Desta forma, o costureiro transformou o seu desfile num verdadeiro show teatral.
Para isso, atores declamaram diálogos sobre cenas da vida de Modigliani e se misturaram com os modelos que desfilavam, em claro rompimento com o habitual cerimonial das passerelles.
A paleta de cores da coleção vai do rosa antigo ao bordeaux ou violeta, o verde militar ou o castanho. Os mosaicos de materiais que o estilista domina brincam com tule, véus, lã e lantejoulas.
A modernidade das formas entrelaçam-se com referências ao passado, como um vestido composto por um casaco desportivo com capuz e aplicações de renda.
Em geral, foi um espetáculo ao vivo para contar a moda como Marras a concebe: cheia de referências, culta e comprometida.
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