A mostra, em Paris, reúne três dezenas de peças desde desenho a fotografia, a litografia e gravura.
"São coisas que tenho feito desde sempre, fotografia e desenho, mas que é a primeira vez que estou a expor, e pus as várias disciplinas juntas. Há muito tempo que tinha a ideia de fazer qualquer coisa com esta minha outra parte criativa. É o mesmo processo criativo [que a moda], mas de uma maneira mais pessoal", disse Felipe Oliveira Baptista, em declarações à agência Lusa.
Foi na loja de roupa artesanal feita em Paris, a Untitled 19, no animado 10.º bairro da capital francesa, que o designer português apresentou pela primeira vez as suas obras numa exposição intitulada "Unfolding" onde o corpo e o movimento dominam a maior parte dos desenhos, fotografias e gravuras. Um trabalho mais artístico, mas que também está ligado à moda.
"Eu tive a minha primeira máquina fotográfica com 12 anos e sempre desenhei muito, desde que era pequeno. Foi sempre algo que fui fazendo, para sair um bocadinho da moda. Mas este trabalho liga-se à moda, porque há muito de anatomia e de corpos", descreveu o artista.
Para as pessoas mais próximas de Felipe Oliveira Baptista, o seu lado artístico pessoal já era bem conhecido, como testemunha Pascal Humbert, um dos donos da Untitled 19, que acolhe esta exposição do artista português até 28 de maio.
"Já há algum tempo que queríamos ter convidados que são pessoas próximas, como o Felipe. Há muito tempo que nós conhecemos os seus desenhos e é um lado que para ele é muito importante, que faz parte do seu universo e que ele quer que seja descoberto", indicou Pascal Humbert.
Felipe Oliveira Baptista foi, até junho de 2021, diretor artístico da Kenzo, tendo anteriormente passado pela Lacoste. Este passo no mundo da arte não é um adeus à moda, com o criador a mostrar-se disponível para agarrar os projetos que mais lhe interessarem.
"Nada é definitivo. Continuo aberto às duas vertentes. Quando saí da Kenzo tive propostas em moda, mas não eram coisas que me interessassem. Hoje posso fazer muitas coisas estando baseado em Lisboa e gosto dessa ideia de mudanças, mas que não sejam radicais. E não fecho portas definitivamente. Não se fecha Paris, não se fecha a moda", explicou.
O designer prepara agora a mudança para Lisboa, ficando a viver entre a capital portuguesa e a capital francesa.
"É o início do capítulo entre Lisboa e Paris, mas é uma ideia que já tinha há alguns anos. E agora demos este passo. É algo com o qual estou contente e acho que é engraçado, porque saí de Lisboa há tanto tempo e vou chegar como um 'outsider', mesmo sendo a cidade em que eu cresci. Mas mudou tanto, evoluiu tanto e é uma cidade que está com uma diversidade cultural enorme e com uma bela energia", concluiu.
Comentários