Tal como em casa

A Dior transformou o seu tradicional casaco ajustado ao corpo e estruturado numa peça mais solta e confortável, inspirada num sobretudo desenhado por Christian Dior em 1957, numa coleção centrada no Japão.

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"A ideia era confeccionar um casaco com o qual as pessoas se sentissem bem em casa. Trabalhamos muito com os tecidos fluidos e rústicos", explicou à AFP a diretora artística da marca, Maria Grazia Chiuri. "As pessoas atualmente querem proteger-se, um aspecto que, até agora, não havíamos tido em conta. Temos um estilo de vida mais privado, e a nossa relação com a roupa será mais pessoal e íntima", assinalou a italiana.

A Balenciaga concentrou-se, por sua vez, nas peças íntimas, para fazê-las brilhar no exterior, como pijamas sobrepostos e camisolas transformadas em vestidos de noite. Os chinelos de hotel ganharam saltos.

Issey Miyake imaginou uma cartela de cores roxa, laranja e verde, que representou a decoração de uma sala de estar, fazendo alusão ao período de confinamento, que a marca japonesa quis lembrar de forma positiva.

Máscara, um acessório da moda

A Louis Vuitton assim o decretou: a máscara é um "acessório de moda" e ganhará protagonismo no desfile de amanhã da marca de luxo, que encerrará a semana da moda primavera/verão de prêt-à-porter.

Para o desfile de Yohji Yamamoto, que produz roupas quase exclusivamente pretas, foi solicitado aos convidados usar uma máscara da mesma cor, para respeitar o universo do estilista japonês.

O logotipo da Balmain cobriu o nariz e a boca com uma máscara de malha estampada, enquanto a Kenzo imaginou um lenço para ser usado por cima da proteção contra a Covid-19. A marca, que perdeu ontem o seu lendário fundador, Kenzo Takada, 81, para a doença, reinterpretou o uniforme dos apicultores com um chapéu e um véu, representando "a fragilidade e o distanciamento necessário imposto atualmente".

'Armaduras'

Os estilistas, seja nas suas representações físicas ou digitais, propuseram "armaduras" perante a nova vulnerabilidade dos seres humanos. Estas eram leves na Hermès, de malha e couro, e deslizaram sobre vestidos curtos e justos tom sobre tom.

A Balenciaga apresentou um vestido no formato de "rede" concebido com correntes de metal. Já Yohji Yamamoto desenhou fios de cobre aparentes num vestido, conseguindo um efeito de crinolina romântica e punk.

Costas nuas

A Hermès propôs-se a "recriar a liberdade", com costas nuas e tops bandeau. A marca francesa celebrou o "reencontro com a sensualidade", mantendo-se fiel ao seu estilo elegante e às linhas refinadas.

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Decotes, costas nuas... A Givenchy também se deixou levar pelas sugestões na estreia do americano Matthew Williams como diretor artístico da marca. Já a Kenzo opôs à "proteção total" vestidos justos e bodies, defendendo "a ousadia face ao perigo".