Na própria Fundação Prada, a famosa marca usou como banda sonora do desfile a música techno para apresentar os seus looks aparentemente clássicos e compostos que acabam por revelar rachas, rasgões e fendas usadas por Miuccia Prada para representar esse confronto.

"Quis jogar com todos os clichés típicos do vestuário feminino, a saia de ténis, o sobretudo, as bandoletes, as camisas em chiffon... e rasgá-los nos cotovelos e nas costas para mostrar o contraste da mulher forte que a Prada sempre quis inspirar e representar", disse a estilista em entrevista à Agência France-Presse (AFP) após o desfile.

Como de costume, a política e o feminismo foram o fio condutor da marca, "contra o conservadorismo galopante da moda", disse a estilista.

A diretora de cinema Sofia Coppola falou em entrevista à AFP sobre a "força dessas mulheres com aspecto de damas mas que na realidade são meninas más".

Na passerelle desfilaram também as criações de três mulheres arquitetas, convidadas pela marca para trabalhar o nylon, o seu material-fetiche.

A americana Elizabeth Diller apresentou uma mala reversível que se transforma num casaco impermeável.

No desfile da Fendi, a dupla formada por Karl Lagerfeld e Silvia Venturini Fendi apresentou uma coleção para uma mulher guerreira, pronta para enfrentar a selva urbana, com um armário onde o pragmatismo se mistura com o exotismo.

"Competente, prática e sensual"

Tanto os casacos quanto os cintos tinham pequenos bolsos com fechos metálicos, tão práticos quanto estéticos. Os tecidos tinham microperfurações para a ventilação e as formas eram masculinas.

As modelagens eram gráficas graças ao uso de corpetes de couro e popeline, tecido de algodão muito usado em camisas masculinas.

A marca jogou ainda com as influências desportivas, com tops e bermudas de ciclismo combinadas com camisas longas.

Para fechar, surgiram casacos "bomber" fluídos, longos e curtos, saias plissadas e estampadas com o logotipo FF, e uma paleta que incluía cores como verde-sálvia, conhaque, tangerina e areia.

"Eu gosto da mistura entre rigidez, estrutura e fluídez da coleção, pensada para uma mulher competente, prática e ao mesmo tempo sensual", disse em entrevista à AFP Delfina Delettrez-Fendi, filha de Silvia Fendi e criadora da sua própria linha de joias.

Como de costume, entre os espectadores estavam vários "influencers", como a italiana Chiara Ferragni, que tem 15 milhões de seguidores, e a rapper americana Niki Minaj, sob o olhar do novo CEO da marca, Serge Brunschwig.

Pela manhã, a Max Mara apresentou a sua coleção para uma mulher amazona, disposta a atravessar o deserto ou a savana. As peças são cheias de camadas, para cobrir-se como os beduínos, e as cores acompanham num tom sobre tom de areia, ocre, verde e cinza.

Algumas das modelos desfilaram com a cabeça coberta por um véu, lembrando um hijab. As malas apareceram a tiracolo, oferecendo uma opção muito prática.

A maratona desta quinta-feira vai terminar com o esperado desfile da Emporio Armani, que montou a sua passerelle no aeroporto de Milão-Linate.