Nova Iorque, Londres, Paris ou Milão. Anualmente, em cada estação, durante cerca de quatro semanas, o mundo inteiro não tira os olhos destas cidades. São as semanas da moda e ditam tendências melhor que ninguém. Centenas de desfiles depois e passada a loucura das semanas da moda, editores de todo o mundo sentam-se para analisar, de fio a pavio, as propostas dos principais criadores das grandes capitais da moda. Após uma criteriosa seleção de tudo o que passou nas passarelas, é que se extraem as principais tendências, considerando que existem sempre aquelas que, pela sua natureza, se repetem, como flores na primavera ou cinzento no inverno. A boa notícia é que outras tantas são reinventadas.

São as novidades da estação, que chegam para dar uma lufada de ar fresco ao nosso, por vezes aborrecido e estagnado, guarda-roupa. Veja o que conseguiu passar no crivo dos especialistas e se destaca (mesmo) em termos de tendências para a primavera/verão 2015:

- Primavera positivista

Poderíamos encher uma revista inteira de tendências, tal foi a quantidade infindável de propostas que os designers levaram às passerelles da primavera/verão. Desfile após desfile, sentiu-se pairar no ar uma indubitável necessidade de festejar a vida, uma joie de vivre que foi levada a estas semanas da moda com o intuito de celebrar o facto de estarmos vivos, numa época em que crises, guerras, doenças e negativismos assolam o universo. É claro que não faltaram os clássicos motivos primaveris com o flower power ou as candy colors e os seus tons pastéis, suaves e acolhedores a tornarem o mundo num local bonito de se viver. Mas também houve novidade. E sangue novo!

A destacar o regresso reinventado da década de 1970 e tudo o que ela teve de melhor, nomeadamente as calças à boca de sino, as túnicas e os padrões psicadélicos de Chanel . Sim, até Karl Lagerfeld aderiu ao free spirit dos seventies. À lista, juntam-se os round glasses à la John Lennon, os vestidos longos, as calças largas de cintura subida, os materiais como o crochet, a renda ou, em destaque máximo, a camurça. E por falar em tecidos, não podemos deixar de referir a ganga. O denim esteve mesmo no centro dos holofotes.

Dos esperados jeans, às camisas, blusões, vestidos, macacões, sapatos ou carteiras, o light denim, o tom mais claro da ganga, surgiu para refrescar a estação, continuando a fazer deste tecido um dos incontornáveis da época. A boa nova foi o modelo de calças mom's pants, que claramente colocou um ponto final às calças do namorado, o famoso modelo boyfriend. De cintura subida e corte que varia entre o justo e o direito, este modelo caracteriza-se precisamente pela sua cintura. Elegantes e hiper-femininas, são a grande novidade em matéria de jeans.

Para ver algumas das propostas das marcas para a primavera/verão 2015, veja a nossa galeria de imagens!

Veja na página seguinte: A influência que vem do cinema e a que surge do desporto

- Poder matrix e desporto em série

Mas nem só de peace and love vive o mundo da moda e, apesar da presença fortíssima e indiscutível do boho, também a rigidez do preto marcou a sua posição. Alexander Wang em Wang e Balenciaga, sempre fiel ao seu ADN, tal como Balmain, Louis Vuitton e até Valentino, em contraste com os seus longos vestidos de renda ou chiffon, nenhum deles passou imune... Quase todos fizeram desfi lar personagens acabadas de sair da sequela Matrix. As manequins ostentaram, assim, majestosos e robustos looks em pele, acolchoados ou vinis, rematados com óculos escuros de orientação futurista. Tudo em nome de uma primavera/verão mais avant garde e menos romântica, mais cosmopolita e menos praia ou campo.

Por outro lado e à boleia das passadas temporadas voltou a surgir o desporto. A moda desportiva e do estar em forma refletiu-se, mais uma vez, nas passerelles com a presença do neoprene em vestidos ou fatos completos de inspiração aquática, como nos mostrou, por exemplo, Oliver Rousteing em Balmain que, como não podia deixar de ser, ainda acrescentou uma imensa sensualidade. Quem não saiu de cena foram as sapatilhas que continuam a entrar quotidiano adentro, adaptando-se a todas as ocasiões, mesmo as mais formais, assumidamente desportivas e sem pretensões. À exceção de Chanel, que pode e deve manter as suas propostas em tweed ultra chiques.

- Tempo de acessorizar

Verão que é verão não vive sem acessórios. Muito menos verão com cheiro a hippie chic. Se os acessórios têm sempre um lugar ao sol em qualquer estação, nesta o lugar conquistado tem um sabor especial. O elogio à vida gritante que se ouviu nas plateias de quem assistiu a cada desfile das semanas da moda, foi intenso e repleto de apontamentos e detalhes cujo objetivo foi não passar ao lado de ninguém. As sandálias, coloridíssimas encheram-se de adornos, entre pedras preciosas ou simples missangas inspiradas nos seventies.

Mas o grande foco esteve nas gladiadoras que ganharam protagonismo e treparam até aos joelhos em modelos que variaram entre o raso e o salto alto, a novidade mor. Nas carteiras, os tons foram imensos. Dos mais vibrantes aos mais soft s com os pastéis dos marshmallows, aquele que mais alegrias causou foi o mellow yellow. O amarelo. Canário, feliz, com sol escrito em cada canto.

Top 10 das tendências primavera/ verão 2015

1. Anos da década de 1970 (no geral)

2. Calças à boca de sino (em particular)

3. Mom’s pants (no lugar das boyfriend jeans)

4. Camurça (linkar para artigo da camurça a abrir noutra página)

5. Matrix

6. Sporty assumido

7. Ombros de fora

8. Tons pastéis em color block

9. Sandálias gladiadoras até aos joelhos

10. Mellow yellow

Veja na página seguinte: As musas inspiradoras da estação

As musas inspiradoras da estação

Mergulhámos na tendência que mais irá dar que falar na próxima silly season, os anos da década de 1970 e nomeámos 10 das style icons que mais marcaram essa mesma década, da mais hippie à mais chique, para que possa seguir à risca a tendência.

1. Jane Birkin

2. Verushka

3. Joni Mitchell

4. Anita Pallenberg

5. Janes Joplin

6. Patti Smith

7. Charlotte Rampling

8. Lauren Hutton

9. Bianca Jagger

10. Twiggy

Texto: Pureza Fleming