Inicialmente praticada como uma dança sagrada em rituais religiosos, a dança do ventre é, atualmente, uma forma saudável e sedutora de combater o stresse e elevar a autoestima. Experimente e descubra mais benefícios, como sucedeu com uma mulher que experimentou e nunca mais parou. Aos 33 anos, Maria procurava uma actividade que lhe proporcio­nasse bem-estar e equilíbrio a nível físico e emocional. Uma amiga recomendou-lhe a dança do ventre. Um pouco cética, experimentou e, hoje, passados oito anos, não perde uma aula desta dança oriental.

«Passei a sentir-me bem com o meu corpo e com a minha mente. Passei a ter um diálogo diferente com o meu corpo e, de certa forma, passei a gostar mais dele, aumentou a minha a autoestima. Já não me imagino sem praticar esta dança. Sou viciada», revela. Esta dança oriental (raks al sharki, em árabe), mais conhecida como dança do ventre, é uma dança popular com mais de 7.000 anos, proveniente do mundo árabe. Na sua forma original, era uma dança sagrada praticada em ritu­ais religiosos.

Era praticada em homenagem à Grande Deusa Mãe Terra, a única e principal divindade numa sociedade sob a égide do matriar­cado. «Na altura, existia toda uma cultura em redor do poder de criar do ventre feminino, como forma de renovação do círculo infinito da vida», explica a psicóloga clínica Marina Ventura. Posteriormente, foi utilizada como forma de aprendizagem e entretenimento entre mulheres, tendo os seus movimentos, vestimentas, ritmos e coreografias sido adaptados aos costu­mes e crenças de cada um dos diferentes povos árabes.

No decorrer desta trajetória evolutiva, «os movimentos de ventre e quadris presentes nesta dança oriental despertaram fascínio num grupo de viajantes europeus comandados por Napoleão, que a apelidaram de la danse du ventre (dança do ventre, em tradução literal em português), nome pelo qual ainda hoje é conhecida no ocidente», explica Marina Ventura. Em Portugal, são várias as escolas que incluem esta modalidade na sua oferta e até existem professoras particulares em várias regiões.

O que acontece numa aula de dança do ventre?

A dança do ventre é uma arte milenar, mas não deixa de ser uma atividade física. «Numa aula de dança oriental, trabalhamos a flexibilidade corporal, desenhamos determinados contor­nos, figuras, desenhos (círculos, por exemplo), contornos, ondu­lações, símbolos do infinito e muitos outros, com determina­das partes do corpo e em determinados planos do espaço», explica Patrícia Rocha, professora de dança do ventre na escola Shakti, no Porto. «Com o decorrer das aulas vamos aos poucos trabalhando também a sensualidade, de cada mulher», acrescenta. 

As aulas são em grupo (com um máximo oito pessoas por turma), para que o trabalho seja mais personalizado, mas quem preferir pode ter aulas particulares. Existem três níveis, o iniciado, o intermédio e o avançado. De acordo com Patrícia Rocha, «as aulas de nível iniciado consistem em expli­car toda a técnica dos movimentos básicos com pequenas combinações desses mesmos movimentos». «O nível intermédio, é para quem já captou toda a técnica inicial dos movimentos básicos e começa a aprender a dançar com o véu, bastão e sagat (castanho­las orientais). O nível avançado é para as pessoas que já dominam muito bem toda a técnica, trabalhando-se mais a coreografia», refere ainda.

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Todos os benefícios da dança do ventre

O corpo é o maior instrumento da dança oriental, não é por isso de estranhar que a dança do ventre trabalhe o corpo feminino como um todo. Mas esse não é o seu único benefício. Existem outros. Estes são alguns dos mais apontados:

- Modela o corpo

De acordo com Patrícia Rocha, «ajuda a modelar o corpo feminino, afinando a cintura e tonificando toda a musculatura interna e externa dos braços, pernas e abdómen, assim como ajuda a aumentar a flexibilidade, eliminar cólicas menstruais, regular o ciclo menstrual e melhorar a coordenação motora, auxiliando as mulheres a desenvolverem a consciência cor­poral». E os benefícios são notórios em pouco tempo. «Numa semana, a praticante já nota grande melhoria na sua postura, principalmente quem sofre de dores na base da coluna, pescoço e trapézio», acrescenta.

- Melhora a vida sexual

O sexo também acaba por sair beneficiado com a prática regular desta dança. «Ao desblo­quear a saída de energia pelos pontos vitais, proporciona às mulheres um grande controlo de sua musculatura interna», explica Marina Ventura.

- Eleva a autoestima

De acordo com Marina Ventura, «ao aumentar­mos a consciência corporal, aumen­tamos a aceitação e aprendemos a avaliar o corpo de outra forma. Como esta consciência é acompanhada por movimentos sensuais, as mulheres desenvolvem uma relação diferente com o corpo e, consequentemente, com a forma como olham para si mesmas. Desta forma, aumentam a auto-confiança (avaliação que faze­mos de nós mesmos) e aprendem a usar o espaço com mais sensibili­dade, desenvolvendo assim compe­tências que apoiam a comunicação interpessoal».

- Combate o stresse

«Como a prática desta dança exige a repetição de movimentos de equilíbrio assim como de concentração, torna-se num instrumento para diminuir a ansie­dade, descentrar dos problemas e aumentar o estado de relaxamento», indica Marina Ventura.

Texto: Fernanda Soares com Marina Ventura (psicóloga clínica) e Patrícia Rocha (professora de dança do ventre)