Relacionamentos no Facebook que (basicamente) não são relacionamentos
É claro que ferramentas Internet usadas para contactar ou manter amizades são, em princípio, destinadas a esse propósito. Porém, há sempre a hipótese de flertar, o que pode levar ao sexo virtual e a uma consequente (re)acção na vida real. Flertar num espaço virtual quando os participantes de uma relação começam a demonstrar interesse crescente para a intimidade ou atracção um pelo outro. Flertar está relacionado com a provocação e a insinuação sexual, onde a reciprocidade faz despoletar um processo quando o “corpo de uma certa pessoa é reconstruído na mente de um indivíduo através da expressão escrita e esbate as ligações entre realidade e fantasia com base na imaginação” (Whitty, 2003), que assume aqui fulcral importância.
Alimento virtual para o mundo da fantasia
Caso um dos “amigos” do Facebook queira mais do que uma simples troca de mensagens, o fluxo de atracção sexual através mensagens privadas é algo relativamente fácil. Apesar de estar presente o aspecto físico, tudo se baseia numa descrição. Consequentemente, a imaginação de um indivíduo depende, em grande parte, dos pormenores e das descrições embelezadas e idealizadas da pessoa com quem se está a flertar.
E a imagem que um indivíduo tem sobre uma pessoa que pode ser totalmente diferente da realidade, mas desperta o interesse e desejo, bem como a interacção ou sedução. Na “vida real”, o seu parceiro acredita que ele ou ele o excita como nunca ninguém o conseguiu fazer antes. Ele ou ela pode até fazer o mesmo que você, o que significa que há uma ligação – a sua relação é uma memória do jogo de “esconde-esconde”, com o pretexto de que está tudo bem, mas na verdade tudo só é só um clique.
É só para manter uma auto-imagem positiva
O objectivo e finalidade de flertar, além da excitação sexual mútua, é seduzir e testar até que ponto esta atracção é mútua, bem como para passar o tempo, o que pode ser entendido como um jogo tem como finalidade manter uma auto-imagem positiva e fortalecer a auto-confiança. A presença física no processo de sedução inclui a possibilidade de humilhação e rejeição, o que menos provável ocorrer num espaço virtual onde as pessoas podem ser mais habilidosas e auto-confiantes, mesmo quando são mais tímidas e desajeitadas na realidade. O medo da rejeição simplesmente desaparece num espaço virtual e mesmo que haja rejeição, o indivíduo não tem que lidar com sentimentos profundos porque foi apenas uma experiência.
Controlo no seu relacionamento
A popularidade dos relacionamentos virtuais reside também no facto do espaço virtual permitir o controlo. Uma pessoa pode controlar o ritmo da relação em oposição às relações quotidianas, que muitas vezes estão repletas de respostas precipitadas e consequências inesperadas devido a sua natureza (habitualmente) espontânea. É por isso que os relacionamentos virtuais são experiências agradáveis, já que o curso e conteúdo de uma relação podem ser moldados da forma que mais lhe convém. É possível que nunca se tenham conhecido pessoalmente, ou como Andy Warhol já tinha descoberto: “As atracções mais excitantes são entre dois opostos que nunca se encontraram”. Este pensamento pode ajudar a explicar o enigma que reside no conceito de parceiro ideal. Ele ou ela é ideal porque nunca o/a conheceu! É como a lenda do unicórnio – toda a gente já ouviu falar dele, mas nunca ninguém o viu. Porém, afirmamos para nós próprios que os unicórnios existem e continuamos a procurá-los.
Por Alex. S.
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