À semelhança de outros países, a taxa de divórcio tem aumentado em Portugal, com uma subida de 8,3 por cento entre 2000 e 2008, de acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística.
Este valor revela que o casamento deixou de ser para a vida toda e, isto deve-se, segundo Robert Epstein, investigador e professor na área da Psicologia da Universidade de Harvard, à falta de capacidade para manter as relações que começam assentes em expectativas pouco realistas.
Como explica Patrícia Pascoal, especialista em Psicologia e Sexologia Clínica, a conjugalidade é um processo complexo, cheio de desafios, e a maior parte deles nãoestão previstos, logo, não há uma receita para ter um casamento feliz» mas com os gestos certos é possível alimentar a relação. Sente-se com o seu companheiro e leiam, em conjunto, os conselhos que se seguem. Depois, basta passarem à prática para serem (ainda mais) felizes.
Comunicar
Conversem, sejam autênticos e digam o que sentem, aconselha Margarida Vieitez. Para a mediadora familiar, é importante ouvir atentamente o companheiro e não fazer juízos de valor precipitados. Quando não perceberem o que foi dito, perguntem. Não tenham medo de baixar as defesas e sejam humildes, acrescenta.
Ser claro é também, na opinião de Patrícia Pascoal, fundamental. Diga do que gosta e do que precisa, evitando o jogo do adivinha, em que cada um fica à espera que o outro tome uma atitude.
Identificar pontos fortes e fracos. Quer vivam uma relação de um ano ou de dez, parem um pouco para pensar em tudo aquilo que vos torna fortes como casal. Apreciem esses pontos e vejam como são únicos e exclusivos, explica Patrícia Pascoal, realçando
que assim, vão perceber como a vossa história comum é única, o que já conquistaram, relembrando o que os une.
Por outro lado, importa reconhecer as áreas difíceis, mais susceptíveis de abalar os alicerces da relação. Só assim é possível não confundir uma dificuldade específica com algo que coloca toda a relação em causa. Deste modo, será mais fácil gerar soluções ou aceitar as diferenças, diz a sexóloga.
Aceitar as diferenças
O seu companheiro é uma pessoa diferente de si, por isso, não o tente moldar à sua imagem e semelhança, aconselha Margarida Vieitez. Lembrem-se que, muitas vezes, são as diferenças e a falta de aceitação que fazem despoletar os conflitos.
Relativizar é, para a mediadora familiar, a palavra de ordem. As cedências devem ser uma constante numa relação de amor. Não sobrevalorizem os aspectos negativos. Ceder não significa fraqueza, antes maturidade. Tentem compreender, ser tolerantes, descobrir e valorizar o que é realmente importante.
Investir na relação
Ninguém duvida que a rotina pode arruinar o amor, mas são poucos os casais que se apercebem da sua chegada. Para evitar surpresas, siga os conselhos de Margarida Vieitez. Surpreendam-se pelo menos uma vez por dia. Desliguem a televisão e conversem. Saiam pelo menos uma vez por semana sozinhos. Olhem-se nos olhos, toquem-se, dêem as mãos.
Veja na página seguinte: Por que devem evitar fazer fretes um ao outro
Para Patrícia Pascoal, o ideal é fazerem coisas juntos que agradem a ambos, aumentando as actividades de prazer e focando-se nos aspectos positivos da relação. Reservar momentos a sós, mesmo que já tenham filhos, é crucial. Tem de se deixar bem claro que os pais e mães também namoram. Sem esses momentos de partilha e comunhão, o casal tende a afastar-se progressivamente. Esses constituem uma forma de preservar o casal, clarificar funções e prepararem-se para a época em que vão voltar a ser dois, o chamado ninho vazio quando os filhos saem de casa, defende a sexóloga. Respeitar a individualidade Viver o dia-a-dia em comum não significa que os elementos do casal se tornem uma cópia do outro. A especificidade de cada um, os seus gostos, interesses e até forma de encarar a vida, trazem riqueza e força à relação. Preservar a autonomia é essencial para que ambos se sintam realizados. É importante não confundir as coisas, para que a intimidade não seja sinónimo de perda de identidade, sublinha Patrícia Pascoal. Ideia reforçada por Margarida Vieitez que aconselha a definir o espaço, tempo individual, prioridades e o que cada um espera da relação. Procurar soluções Enfrentem os obstáculos em conjunto, como uma equipa, adoptando uma postura pró activa e assumindo responsabilidades na mudança de forma a que possam valorizar a energia e atenção que cada um dá e valorizar cada pequeno passo, realça a sexóloga. Quando o cenário parecer demasiado complexo e sem solução à vista, peçam ajuda se não se conseguirem entender, aconselha Margarida Vieitez. Mas para que esta resulte, lembrem-se, como frisa Patrícia Pascoal, têm de reconhecer na ajuda a capacidade de gerar soluções eficazes para as dificuldades sentidas. Aula prática Robert Epstein, professor de Psicologia na Universidade de Harvard, criou oito exercícios para aumentar a intimidade emocional no casal 1. Abracem-se e sintam a respiração um do outro e, gradualmente, tentem sincronizá-la. 2. Em pé ou sentados, a meio metro de distância, fixem os olhos durante dois minutos e falem sobre o que viram. 3. Em pé ou sentados, muito próximos, comecem a mexer as mãos, os braços e as pernas. Vão ver que os movimentos começam a associar-se. 4. Deixe-se cair de costas nos braços do seu parceiro. Troquem de posição várias vezes e, no final, expliquem o que sentiram. 5. Cada um escreve numa folha um segredo, depois troquem-nos para falarem dele. Veja na página seguinte: Um jogo para realizar a dois 6. Escreva um pensamento que queira partilhar com o parceiro e tente que ele adivinhe sem usar palavras. Se ele não conseguir, revele-o e troquem de papéis. 7. De pé, mas afastados mais de um metro, foquem-se um no outro. A cada dez segundos, aproximem-se sem se tocarem. 8. Coloquem a palma das mãos o mais perto possível sem se tocarem. Aguentem durante uns minutos e sentirão calor. Texto: Rita Caetano com Margarida Vieitez (mediadora familiar) e Patrícia Pascoal (especialista em psicologia e sexologia clínica)
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