Para a generalidade dos pais, os filhos nunca cresciam. Ficavam sempre pequenos.

E muito menos se interessariam por assuntos relacionados com a sexualidade.

Pelo menos, nunca antes dos 25 anos! Esse é, pelo menos, o sentimento de Teresa Borges, uma assistente de vendas que reside nos arredores de Vila Nova de Gaia.

«A minha filha tem apenas 13 anos mas as suas formas femininas estão muito desenvolvidas. Fico um pouco preocupada que desperte para a sexualidade tão cedo e não sei bem como (ou se) hei de abordar o assunto com ela. Devo levá-la a um ginecologista, já nesta idade? A partir de que altura posso falar com ela sobre, contracetivos? E que tipo de método será o mais indicado?», interroga-se.

«Com 13 anos a vida sexual da sua filha já começou há algum tempo. Isto não quer dizer que já tenha relações sexuais, mas as temáticas relativas ao corpo, ao prazer, à sexualidade, à saúde sexual e à reprodução não lhe são novas. Estão nas revistas, músicas, programas e sites para jovens, alimentando-se da sua curiosidade e interesse nesta área», explica a sexóloga Patrícia Pascoal.

«Reconhecer perante a sua filha que sente que gostaria de falar com ela sobre este assunto, mas que receia ser ino­portuna, que está na dúvida se a deve, ou não, levar à gine­cologista, que não sabe bem como iniciar uma conversa sobre saúde reprodutiva, mostrando-se disponível para par­tilhar, aprender, esclarecer e apoiar, desde que ela o queira, pode ser uma boa abordagem», sugere a especialista.

«Não temos de saber sempre tudo. Porque não assumir as suas dúvidas? Estará a dar-lhe um exemplo, mostrando-lhe que podemos buscar ajuda e aprender com o que os outros nos têm a dizer. A consulta é um espaço onde ela pode decidir que temáticas quer abordar e que podem incluir questões que não se prendem somente com a reprodução», sublinha ainda Patrícia Pascoal.