A adolescência é uma segunda idade de todos os porquês e a palavra sexo faz parte de todos eles. É o momento da decisão de dar ou não "aquele" passo, visto como a entrada para o mundo dos adultos, mas também um passaporte para muitos riscos. As dúvidas são mais do que muitas: será este o momento certo, será esta a pessoa certa... E depois?
Todos nós, desde que nascemos até que morremos, sentimos necessidade de estar próximos de alguém. Assim se explica que muitas das relações familiares e de amizade perdurem no tempo e às vezes nunca acabem.
E estar próximo de alguém significa que desejamos dar e receber carinhos, cuidados, atenções, que gostamos de nos sentir amados e protegidos. E é quando somos bebés que esta necessidade é maior, até porque estamos totalmente dependentes de outros, os adultos. Com o passar do tempo, a dependência diminui mas não diminui a apetência pelo carinho das outras pessoas. O que muda é que, em vez de só querermos ser protegidos, passamos a querer proteger.
E mudam também as formas de estar próximo dos outros, de dar e de receber. É na adolescência que desponta a sexualidade, primeiro com as alterações físicas a nível do corpo, depois porque desenvolvemos a capacidade de escolher a quem queremos amar e proteger e por quem queremos ser amados e protegidos.
Esta consciência é meio caminho andado para que os adolescentes sejam assaltados pela vontade de se iniciarem na vida sexual. Um assalto que tem nas dúvidas os seus atacantes de primeira linha: saber se já está preparado é a mais premente. Mas a verdade é que não existe uma idade certa.
Todos somos diferentes uns dos outros - uns mais altos, outros mais baixos, uns mais magros, outros mais gordos. Em relação à sexualidade também é assim. Por isso, não há uma idade certa para o início da vida sexual activa; há sim uma idade antes da qual é perigoso manter relações sexuais - os 14 anos. Mas isso não significa que aos 14 anos se esteja automaticamente preparado, significa apenas que física e organicamente estão reunidas as condições. Falta saber se psicologica e emocionalmente o grau de maturidade é idêntico.
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Pessoas diferentes, razões diferentes
Tal como não existe uma idade certa para se estar preparado para iniciar a vida sexual, também não existe uma data para a primeira vez. O que existem, sim, são múltiplos factores que podem levar uma adolescente a dar esse passo. Desde logo o amor, mas também o simples desejo sexual ou a curiosidade, a vontade de conhecer novas sensações, de ter novas experiências. Mas outras razões menos prosaicas e com implicações mais graves: é que o sexo pode ser usado como "prova" de maturidade ou apenas para se ser igual aos amigos. Não há motivação mais errada do que esta!
"Toda a gente faz!" - este é um argumento soprado de boca em boca aos ouvidos de um adolescente virgem e cuja leitura é "se não o fizeres, não és como nós", podendo significar a exclusão ou discriminação dentro do grupo. Mas não é verdade que "toda a gente faz". Cerca de metade dos jovens têm de facto relações sexuais. Sobra a outra metade que não tem. E muitos dos que já se iniciaram fizeram-no por pressão.
Num estudo efectuado com adolescentes 73% das raparigas e 50% dos rapazes admitiu ter mantido relações sexuais pela primeira vez porque se sentiram pressionados e apenas 11% das raparigas e 6% dos rapazes escolheram o amor como razão para deixarem de ser virgens.
São enganadores os argumentos de que as relações sexuais provam que se é homem ou mulher de verdade. Como enganadoras são os argumentos de que a entrega sexual é uma prova de amor. Não devem ser os outros a decidir qual é o momento. Opiniões emprestadas de nada valem. Cabe ao adolescente fazer a sua própria escolha e escolher dizer não se for esse o caso.
Dizer não é difícil, mas pode dizer-se! Porque as necessidades e os valores são diferentes, mesmo entre amigos. Tão diferentes como o aspecto ou a personalidade. E decidir faz parte do processo de crescimento, de independência.
Mesmo que adiar o momento implique conflitos, deixar de ser "fixe". Porque relações sexuais pelas razões erradas podem custar um preço que se paga pela vida toda: o preço de uma doença sexualmente transmissível ou de uma gravidez precoce.
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