Num artigo da Psychology Today, o neuroendocrinologista e especialista em atração sexual, Alec Beall, socorre-se de vários estudos para responder à pergunta: homens menos atraentes são melhores pais?

O cientista, lembrando uma investigação de Marco Del Giudice, professor assistente da Universidade do Novo México, salienta que “os mecanismos fisiológicos e psicológicos que facilitam o acasalamento socorrem-se dos mesmos recursos bioenergéticos (por exemplo, tempo, atenção e esforço) do que os facilitadores do comportamento parental”.

Isto quer dizer que “quando os recursos são investidos no processo de sedução, não estão disponíveis para o cuidado dos filhos”. E dá um exemplo concreto: “Pense nos recursos bioenergéticos disponíveis como um jarro de água e imagine o esforço dos pais e a pretensão de acasalar como dois copos separados. Tendo em conta que há uma quantidade finita de água no jarro, eis o dilema: qual o copo (o da parentalidade ou o do acasalamento) em que vou colocar mais líquido?”

Beall diz que, nalguns casos, é benéfico adotar uma estratégia reprodutiva “básica”, que se concentre no acasalamento de curto prazo e na produção de um grande número de descendentes; noutros, tende a investir-se fortemente no cuidado com os filhos, de forma a assegurar que eles cresçam com as habilidades e o talento necessários para serem reprodutivamente bem-sucedidos (tese defendida por um dos fundadores da sociobiologia, Robert Trivers).

Assim, prossegue, o esforço como pais sobrepõe-se ao esforço como parceiros “em situações em que a oportunidade de produzir um número elevado de descendentes é baixa, como quando há escassez de parceiros românticos”. “Se ser menos atraente fisicamente implicar menos oportunidades de acasalamento com parceiros reprodutivamente viáveis, há uma clara redução das oportunidades de produzir descendentes. Então, os homens menos atraentes fisicamente podem ser mais bem-sucedidos se se dedicarem à criação de filhos que conseguiram produzir, ao invés de investirem na busca de parceiros de curto prazo”.

Outra hipótese considerada pelo autor do artigo da Psychology Today é a de “pais fisicamente atraentes poderem ter mais oportunidades de manter relações paralelas, o que poderia desestabilizar as alianças co-parentais”, ou seja, implicaria um maior desleixo no cuidado com a descendência.