A maioria das famílias com crianças em idade escolar ainda se está a organizar neste regresso às aulas. É um período de readaptação a horários e rotinas mais rígidos. Quase sempre, é o dia de trabalho dos pais que determina a ocupação dos tempos livres das crianças. E embora as atividades extracurriculares sejam positivas, é importante não sobrecarregar a agenda dos miúdos, impedindo-os de se dedicarem a essa tarefa tão saudável que é brincar. Os tempos livres são determinantes para a criança desenvolver aptidões e habilidades, aproveitando para se divertir.

Eva Marina, diretora da Universidade dos Pais, de Espanha, disse ao ABC que a sociedade moderna está a deixar de encarar o lazer como atividade enriquecedora para os jovens. “As coisas mudaram muito. E uma das consequências dessa situação é a redução de tempo livre, aqueles momentos em que não há adultos a controlar. Ainda assim, e curiosamente, registou-se um aumento das atividades familiares partilhadas.”

Um dos fatores mais decisivos nesta mudança de hábitos tem a ver com a redução da rede de apoio social: família, amigos, parentes não diretos, vizinhos. Não esquecer ainda que as cidades são espaços cada vez mais hostis às crianças, cheios de trânsito, barulho e sem espaços verdes, como sublinha Francesco Tonucci, psicólogo italiano, autor de vários livros sobre o papel das crianças no ecossistema urbano.

Eis algumas regras na hora de programar atividades extracurriculares para os miúdos. Eva Marina dá uma série de dicas para os pais escolherem a opção mais adequada aos filhos.

  1. Tenha em atenção os interesses da criança. Embora as atividades ajudem os pais a aliviar a sua agenda, é preciso deixar os miúdos escolherem de entre a oferta disponível. Lembre-se que esse é um tempo de lazer da criança e por isso deve ser gratificante para ela. O mesmo se aplica ao seu temperamento: há miúdos muito ativos e crianças mais tranquilas; algumas são tímidas e outros parecem ter força para dominar o mundo. Um grupo de teatro pode ser fantástico, mas não é para todos.
  2.  Evite sobrelotar a agenda. Como os adultos, os miúdos precisam de descansar, ter tempo para brincar com os amigos, fazer os trabalhos de casa, conversar com os pais e até ficarem entediados. É conveniente deixar pelo menos dois dias sem atividades extracurriculares.
  3. Não force o seu filho. Embora tenha de encorajá-lo a investir numa tarefa nova, é preciso saber quando esse esforço se torna inglório. Muitos pais optam por levar os miúdos a uma aula experimental – é uma boa opção.
  4. Fique atento aos sinais. Se notar sintomas de cansaço, insónia e nervosismo, perceba que a criança pode não ser capaz de fazer tanta coisa ao mesmo temo. Não descure os sinais de stress infantil.
  5. É importante saber onde ir. Além das iniciativas privadas, há duas instituições responsáveis ​​por oferecer alternativas educacionais e de lazer: a escola e a junta de freguesia. Antes de se matricular, é conveniente conhecer a pessoa responsável, a sua formação profissional e a abordagem pedagógica da atividade.
  6. Não confunda as coisas. O importante é que as crianças aprendam, mas também que gostem dessas atividades, que se sintam motivadas e felizes, com a sensação de que estão a evoluir. Nunca ponha os seus interesses, velhos sonhos e projetos, à frente da vontade da criança.
  7. Seja seletivo. Evite atividades extracurriculares que sirvam, sobretudo, para reforçar a matéria dadas nas aulas. As crianças passam muitas horas na escola e possivelmente têm trabalhos para fazer quando chegam a casa.