Cerca de três milhões de bebés morrem todos os anos nas quatro primeiras semanas de vida, número que tem aumentado apesar de uma redução global da mortalidade infantil, alertam especialistas reunidos em Joanesburgo.

 

"Até dois terços das mortes de recém-nascidos podem ser evitadas", disse na reunião, que decorreu na segunda-feira, a ativista Graça Machel, mulher do ex-presidente sul-africano Nelson Mandela.

 

Alertando que as medidas necessárias são muitas vezes simples e baratas, Graça Machel lamentou a falta de urgência na busca de formas de salvar os milhões de recém-nascidos que morrem nas primeiras semanas de vida.

 

Ao fim de anos de discussões sobre o assunto, lamentou a ativista, falta mudar a atitude: "O que ainda não mudou foi a nossa atitude - de agir com urgência, não como se nada fosse", disse Machel.

 

Gary Darmstadt, diretor de saúde familiar na fundação Bill e Melinda Gates, disse que, apesar do aumento dos níveis de conhecimento sobre a mortalidade neonatal, os recém-nascidos continuam a morrer.

 

"A resposta é muito simples. Não estamos a aproveitar as promissoras intervenções ao nosso dispor", disse o responsável, na reunião, a primeira do género, que reuniu uma centena de especialistas de 50 países para examinar os meios de lutar contra a mortalidade neonatal.

 

Também presente no encontro, a vice-presidente da UNICEF, Geeta Rao Gupta, disse que a percentagem de mortes neonatais no total da mortalidade infantil aumentou de 36% em 1990 para 43% em 2011.

 

Em 2011, cerca de 6,9 milhões de crianças morreram antes de fazer cinco anos, três milhões dos quais logo após o nascimento. A maioria das mortes de recém-nascidos acontece no sudeste asiático e na África subsaariana.

 

"O número de mortes de recém-nascidos aumentou nos últimos anos na África subsaariana, apesar da redução da mortalidade infantil e materna", disse Darmstadt. Em declarações à AFP, Geeta Rao Gupta disse desejar "uma redução líquida da mortalidade neonatal até 2015". "Temos por isso mil dias à nossa frente para mudar os números de forma significativa", disse.

 

Um estudo recente da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres concluiu que o Ruanda registou os melhores resultados em África, reduzindo a mortalidade neonatal em 6,2% por ano, enquanto a Nigéria, o país mais populoso do continente, teve o pior resultado, com um quarto de milhão de recém-nascidos mortos todos os anos, número que não parou de aumentar nos últimos 20 anos.

 

Lusa