A denúncia é feita pela reportagem "Primodos: The Secret Drug Scandal", do jornalista Jason Farrell, transmitida pela Sky News.

O repórter teve acesso a centenas de ficheiros relativos ao Primodos, um fármaco oral prescrito a mulheres grávidas durante a década de 60 e 70. Entre esses ficheiros, estavam indicações de que o medicamento aumentava em cinco vezes o risco de se desenvolver um filho com malformações fetais graves. Factos que segundo a reportagem foram do conhecimento do governo britânico e da farmacêutica dona do fármaco, a Schering, mas que foram abafados e escondidos dos consumidores.

A reportagem, que foi emitida pela televisão britânica na terça-feira (21/03), explica que o medicamento era tomado por mulheres como um teste de gravidez. Se estivessem grávidas, o organismo absorvia as substâncias do Primodos. Se, pelo contrário, a gravidez não se confirmasse, o teste obrigaria o corpo a menstruar-se em 24 horas.

Segundo a Sky News, uma única dose de Primodos equivalia a 13 pílulas do dia seguinte e a 40 contracetivos orais.

Pouca ação do Governo

O diretor do departamento médico e de saúde do governo britânico, William Inman, terá tido acesso a essa informação e depois contactado a Schering, a farmacêutica que produzia o Primodos, aconselhando-a a tomar medidas. Mas a questão ficou por aí.

O regulador médico só foi notificado pela primeira vez sobre o problema em 1967, tendo lançado o alerta oito anos depois. "Atenção. Não tomar durante a gravidez. Existe a possibilidade de haver uma associação entre a toma de Primodos durante a gravidez e um aumento da incidência de anormalidades congénitas", lia-se no aviso de 1975.

De acordo com a reportagem, cerca de 1,5 milhões de mulheres no Reino Unido terão tomado o medicamento alemão. Segundo o jornalista Jason Farrel, vários milhares de mulheres que tomaram o fármaco abortaram ou foram mães de bebés com membros amputados e danos cerebrais.

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