A menor, Ketellen de Oliveira Gomes, encontrava-se na tarde de terça-feira a caminho da escola, de bicicleta, acompanhada pela mãe, quando teve início um tiroteio que acabou por atingir a criança.
Segundo a imprensa local, a criança chegou a ser levada para um centro de saúde e, posteriormente para um hospital, onde foi operada, tendo acabado por morrer já ao final do dia.
O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, utilizou hoje a rede social para lamentar a morte da criança, acrescentando que pediu o apuramento rigoroso do crime.
“Lamento a morte da menina Ketellen, em Realengo, vítima de tiroteio entre bandidos. Determinei à Polícia Civil o apuramento rigoroso desse crime e dos outros que atingiram seis crianças neste ano”, escreveu o governador no Twitter.
De acordo com informações da Polícia Militar, os tiros teriam partido de um carro.
Ketellen de Oliveira Gomes junta-se a Jenifer Silene Gomes, de 11 anos, baleada em fevereiro, Kauan Peixoto, de 12 anos, morto em março, Kauã Rozário, de 11 anos, atingido em maio por uma bala perdida durante um tiroteio, Kauê dos Santos, de 12 anos, baleado durante uma operação policial em setembro, e Ágatha Félix, de 8 anos, atingida também em setembro por uma bala nas costas quando estava numa carrinha com a família.
Em comum, além de serem crianças, viviam todas em regiões pobres e com elevados índices de criminalidade no Rio de Janeiro.
Em 2017 registou-se, em média, o homicídio diário de 32 crianças e adolescentes, dos 10 aos 19 anos, no Brasil, segundo um relatório do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) divulgado na terça-feira.
Na celebração do 30.º aniversário da Convenção sobre os Direitos da Criança, a Unicef lançou um relatório com os principais avanços e desafios enfrentados por crianças e jovens brasileiros, frisando que, apesar de o país sul-americano ter alcançado “conquistas importantes”, ainda enfrenta vários problemas.
“É na área de proteção à criança que o país enfrenta os seus maiores desafios. Em 30 anos, o Brasil viu crescer a violência armada em diversas cidades e hoje está diante de um quadro alarmante de homicídios. A cada dia, 32 meninas e meninos dos 10 aos 19 anos são assassinados no país. Em 2017, foram 11,8 mil mortes”, apontou o Fundo das Nações Unidas para a Infância.
As vítimas são, na sua maioria, do sexo masculino, negros, pobres, que vivem nas periferias e em áreas metropolitanas das grandes cidades, em bairros desprovidos de serviços básicos de saúde, assistência social, educação, cultura e lazer.
Segundo uma análise de dados feita pela Unicef em 10 capitais de estado, 2,6 milhões de crianças vivem em áreas diretamente afetadas pela violência com recurso a armas.
“Morar num território vulnerável faz com que crianças e adolescentes estejam mais expostos à violência armada”, destaca-se no relatório.
Nos últimos 10 anos, o número de homicídios entre adolescentes brancos tem diminuído, enquanto o assassínio de negros apresenta um crescimento.
Em 2017, 82,9% dos 11,8 mil casos de assassínio de crianças e adolescentes com idades entre os 10 e 19 anos no Brasil foram entre “não brancos”.
“Reverter esse quadro é urgente. É preciso investir nos territórios mais vulneráveis, com políticas públicas de qualidade, voltadas a cada criança e a cada adolescente, em especial os mais excluídos. Temos de lhes oferecer um ambiente seguro em que possam desenvolver plenamente o seu potencial”, declarou Florence Bauer, representante do Unicef no Brasil.
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