
A taxa de abandono mais do que duplica para os alunos a quem foi rejeitada a bolsa de ação social, fixando-se nos 9,2%, comparativamente com os estudantes que veem o pedido de bolsa aceite (4,2% de abandono), disse hoje o subdiretor de Estatísticas de Educação e Ciência, João Oliveira Baptista, citando um estudo daquela entidade focado nos anos letivos 2011/2012 e 2012/2013.
No entanto, o efeito de redução da taxa de abandono do ensino superior português para os alunos que recebem bolsa "quase que é anulado" quando se regista uma demora na concessão do apoio social, notou o membro da Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC), que falava durante uma palestra inserida na conferência "Insucesso e Abandono no Ensino Superior", que decorre em Coimbra.
Segundo João Oliveira Baptista, também se regista um "efeito muito forte entre a nota de ingresso e o abandono passado um ano".
Em 2014/2015, a taxa de abandono chega a fixar-se nos 17,4% para os alunos que entraram com 10 valores e em 12,1% para quem entrou com uma média de 11 valores.
À medida que média aumenta, diminui taxa de abandono
À medida que a média do estudante aumenta vai também diminuindo a taxa de abandono para valores residuais, notou.
Já na opção de ingresso não se identifica uma relação tão forte com o abandono, mas sim com a percentagem de alunos que fizeram transferência de curso passado um ano.
A taxa de transferência chega a ser de cerca de 10% para quem entra com a 5.ª opção e de 15,4% para quem entra com a 6.ª opção (última). No ano letivo de 2013/2014, segundo um estudo da DGEEC, nota-se também uma influência da taxa de abandono para quem entra em regime especial, referiu.
Nos estudantes que entraram em regime de maiores de 23 anos ou no concurso para titulares de cursos superiores a taxa de abandono situa-se nos 27%.
De acordo com João Oliveira Baptista, esta situação pode estar relacionada com o facto de serem alunos mais velhos, com outro tipo de responsabilidades - possivelmente a trabalhar ou com filhos a seu cargo -, o que pode acabar por afetar a sua disponibilidade para frequentar o curso.
A DGEEC começou a seguir individualmente o percurso dos alunos desde 2013/2014 para conseguir calcular de forma "mais exata" o abandono no ensino superior português.
Segundo o responsável, registou-se uma taxa de abandono de 09% no universitário e de 11% no politécnico, sendo que o registo aumenta quando se fala de ensino superior privado (13% no universitário e 15% no politécnico).
Entre 2012 e 2014, a taxa de abandono no ensino público universitário baixou de 12% para 09%, e de 13% para 11% no ensino politécnico, disse.
A área com menos abandonos registados é saúde e proteção social.
Nos mestrados, a taxa de abandono é superior à média, com 20% dos alunos a abandonar a formação de 2.º ciclo.
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