Healthnews (HN) – Quais são os principais objetivos e a visão por trás da criação deste curso pioneiro em Portugal?
Henrique Barros (HB) – Sabemos que são precisos profissionais preparados para enfrentar os desafios globais e locais da saúde, desde a promoção e proteção da saúde até à gestão das doenças. E essas são tarefas que exigem uma preparação cuidada em saúde pública. A falta de profissionais nesta área está bem identificada há muito e ficou ainda mais evidente com a pandemia de COVID-19. Esta licenciatura vem completar o panorama da formação em Saúde Pública em Portugal, à semelhança do que acontece noutros países: uma licenciatura que direciona os jovens profissionais para o amplo espectro de carreiras da Saúde Pública, desde o Serviço Nacional de Saúde até às instituições internacionais, como a Organização Mundial de Saúde ou as agências da União Europeia, nos setores privado ou social.
HN – O CSP [curso de saúde pública] possui um caráter multidisciplinar e visa preparar profissionais para atuar em diversas áreas da saúde pública. Quais são as principais competências e habilidades que os estudantes irão desenvolver no âmbito desta formação?
HB – Os estudantes terão oportunidade de conhecer o sistema de saúde e de compreender como os fatores ambientais e sociais interagem com as características individuais para produzir diferentes experiências de saúde e doença. Aprenderão a analisar e intervir em situações que afetam a saúde pública, desenvolverão competências de análise e planeamento de programas e políticas de saúde e serão incentivados a adotar uma visão crítica sobre os desafios de saúde pública atuais e emergentes, sejam globais, nacionais ou locais.
HN – O ciclo de estudos está alinhado com a Agenda 2030 das Nações Unidas e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. De que forma o currículo do CSP integra esses objetivos de aprendizagem e prepara os estudantes para enfrentar os desafios globais de saúde pública?
HB – Como disse, existe uma necessidade real e urgente de profissionais preparados para enfrentar os desafios globais e locais da saúde, desde a promoção e proteção da saúde até à gestão das doenças. O plano de estudos desta Licenciatura foi construído pensando nessa necessidade, em harmonia com o referencial de competências em saúde pública da Organização Mundial de Saúde e da Associação de Escola Europeias de Saúde Pública. Dentro do plano de estudos, podemos destacar unidades curriculares como Políticas e sistemas de saúde, Saúde Global e Emergências de Saúde Pública, Saúde e Ciclo de vida, Abordagem de Saúde Única (One Health) ou Determinantes Sociais da Saúde, que permitem compreender e ganhar competências para responder aos desafios agudos e aos problemas crónicos da saúde nas nossas sociedades.
HN – Quais os requisitos de acesso para ingressar no CSP? Existem diferentes formas de admissão, como concursos especiais e regimes especiais de acesso?
HB – Sim! O ingresso nesta licenciatura pode ser efetuado através do concurso institucional de acesso ao ensino superior (sendo Biologia e Geologia a prova de ingresso) e de concursos especiais e regimes
especiais de acesso, nos termos da legislação aplicável. Toda essa informação está disponível no site da CESPU e aproveito para relembrar que a 2.a fase de candidaturas arranca já no próximo dia 3 de setembro.
HN – Considerando as crescentes necessidades de recursos humanos especializados em Saúde Pública em diversos setores, quais são as principais áreas de atuação e oportunidades de carreira para os futuros técnicos superiores formados pelo CSP?
HB – Os novos profissionais licenciados em Saúde Pública estarão preparados para exercer funções em:- Unidades de Saúde Pública no Serviço Nacional de Saúde e autarquias;
– Organizações que desenvolvem orientações técnicas para políticas públicas na área da saúde, aos níveis nacional e internacional, nomeadamente no sistema da União Europeia e em países de expressão portuguesa;
– Unidades de investigação nos cuidados de saúde (hospitais e cuidados primários);
– Organizações de base comunitária, (p. ex. de advocacia de doentes);
– Empresas do setor privado, na investigação clínica e desenvolvimento tecnológico.
Entrevista de Miguel Mauritti
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