Henrietta Fore participou ontem numa conferência de imprensa virtual sobre a covid-19 e as crianças, juntamente com dirigentes da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura).
A diretora-executiva do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) disse que “há uma percentagem elevada de países que não têm nenhum plano para a retoma das aulas” e que 872 milhões de crianças ainda não voltaram às escolas, o que as torna “mais vulneráveis” ao trabalho infantil e a abusos sexuais, à violência física e emocional.
“Quanto mais tempo as crianças ficam ausentes da escola, mais dificuldade têm em regressar à escola”, sustentou, avisando que “há o risco de que milhões de crianças acabem no abandono escolar devido à covid-19″.
Para Henrietta Fore, deve ser dada “prioridade à reabertura das escolas”, mas também “aumentar as possibilidades do ensino à distância”, nomeadamente através da rádio e da televisão, quando as escolas se mantenham fechadas.
A diretora-executiva da Unicef realçou, ainda, que pelo menos 463 milhões de crianças não tiveram acesso ao ensino à distância por falta de computadores ou de ligação à internet.
A diretora-geral da UNESCO, Audrey Azoulay, enfatizou que “metade da população escolar mundial não voltou ainda às escolas” e advertiu que 11 milhões de meninas correm o risco de “nunca voltar às aulas”.
Para Audrey Azoulay, a reabertura de “forma segura” das escolas deve “ser uma prioridade”, sendo que nos “meios mais desfavorecidos” as escolas garantem não só a educação, mas também a saúde, segurança e nutrição das crianças.
“A decisão de encerrar escolas deverá ser o último recurso, algo temporário e só a nível local, em lugares onde há transmissão entre crianças”, referiu, por sua vez, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, acrescentando que, nesses casos, deve ser acautelado o ensino à distância.
“É possível que o vírus se transmita nas escolas, uma vez que se transmite nas comunidades”, lembrou a epidemiologista e líder técnica da resposta à covid-19 na OMS, Maria Van Kerkhove, reiterando que as crianças também infetam e são infetadas pelo novo coronavírus, mas de forma menos grave.
O diretor-executivo do Programa de Emergências em Saúde da OMS, Mike Ryan, vincou que “não há soluções mágicas”, mas realçou que, para que as crianças possam continuar na escola, os adultos têm de manter o distanciamento físico adequado para travar a transmissão comunitária da infeção.
A pandemia da covid-19 já provocou pelo menos 929.391 mortos e mais de 29,3 milhões de casos de infeção em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência noticiosa francesa AFP.
Em Portugal, morreram 1.875 pessoas dos 65.021 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A covid-19 é uma doença respiratória causada por um novo coronavírus (tipo de vírus) detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China, que se disseminou rapidamente pelo mundo.
O novo ano escolar, em Portugal, iniciou-se nas escolas públicas na segunda-feira, retomando as aulas presenciais.
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