O académico detalha que 60 milhões permanecem nas suas casas, normalmente no campo, devido ao alto custo de vida nos centros urbanos ou a restrições na autorização de residência, que limita o acesso a vários serviços básicos, como a educação e saúde pública.

Já 36 milhões são população flutuante não registada no censo demográfico, destacou Song.

Estas crianças apresentam riscos mais elevados de serem abusadas física ou sexualmente, cometerem suicídio, registarem desempenho escolar inferior e dificuldades de desenvolvimento emocional, estando mais propensas a ter comportamentos criminosos na idade adulta, aponta o Global Times.

Ao longo da última década, o fenómeno agravou-se, fruto do acelerado processo de urbanização que transfigurou a China de uma sociedade rural para uma em que mais de metade da população vive nas cidades.

Em junho passado, quatro irmãos chineses, com idades entre os cinco e os 14 anos, abandonados pelos pais durante meses, morreram após terem ingerido pesticida no sudoeste da China, num caso que a polícia afirmou tratar-se de suicídio.

O incidente levou o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, a pedir "o fim destas tragédias" e a prometer castigar responsáveis incapazes de ajudar famílias com problemas semelhantes.

A China é a nação mais populosa do mundo, com cerca de 1.375 milhões de habitantes. Em 2011, pela primeira vez, a percentagem da população urbana do país excedeu os 50%, somando 690 milhões.