O acontecimento que leva à situação de stress inclui, geralmente, um processo de avaliação cognitiva que passa por duas etapas.
Uma avaliação primária, em que o sujeito perceciona o significado do acontecimento face ao seu bem-estar, que envolve uma avaliação do mundo exterior, vista de três formas: irrelevante; benigna e positiva; ou nociva e negativa. Os acontecimentos podem ser categorizados como sendo relativos a: perda, ameaça ou desafio. A avaliação secundária inclui três momentos:
1) uma avaliação do próprio sujeito quanto aos recursos disponíveis face às exigências do momento;
2) a avaliação dos custos e benefícios das alternativas de resposta face às opções possíveis;
3) uma seleção das estratégias mais adequadas para lidar com a situação.
Quanto aos fatores situacionais, existe uma tendência a avaliar os acontecimentos como stressantes quando incluem marcadas exigências, face à sua indesejabilidade, intolerância ou se ocorrem em momentos inesperados. Podendo haver alguma clareza ou ambiguidade nestes acontecimentos.
O componente individual na origem do stress e na resposta desencadeada, leva pessoas diferentes a apresentar respostas diversas. A componente individual do stress depende de fatores que incluem aspetos intelectuais, motivacionais e características de personalidade, como a autoestima e o sistema de crenças e valores, e ainda a história de vida e o desenvolvimento psicodinâmico.
Assim, a diversidade de reações face aos acontecimentos stressantes não depende apenas da situação em si mesma, inclui também todas as variáveis individuais, tanto intraindividuais como interindividuais, também pode haver variações na resposta do mesmo indivíduo em vivências semelhantes, o que eleva o grau de complexidade.
As alterações psicofisiológicas induzidas por um acontecimento stressante leva a alterações fisiológicas que incluem: excitação do sistema nervoso simpático e parassimpático, com acréscimo na libertação de hormonas (ex.: catecolaminas, cortisol e epinefrina); alteração físicas com o aumento do ritmo cardíaco e da tensão arterial, da frequência respiratória e do potencial muscular; e por último, o aumento de fatores psicológicos como medo, ansiedade e fúria, redução da capacidade cognitiva e da intersensibilidade.
De uma forma geral, o stress descontrolado pode levar a hábitos prejudiciais à saúde e a estilos de vida desadaptativos. Estas alterações vão influenciar a forma como o sujeito se sente na relação intrapessoal e interpessoal, interferindo também na vida sexual.
A libido é o termo utilizado para especificar o desejo sexual ou o impulso para a atividade sexual. Numa perspetiva evolucionária, a libido teve uma génese biológica ligada à reprodução da espécie humana, contudo, foi sofrendo, ao longo do tempo, a influencia de múltiplos fatores desenvolvimentais físicos, sociais e culturais, enriquecendo o material genético da espécie. Esta evolução no instinto sexual dos humanos levou ao aumento da frequência das ligações sexuais, sem limitações cíclicas observadas noutras espécies, melhorando a possibilidade na procriação e transformou-se numa vantagem seletiva.
A saúde sexual caracterizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), é descrita e percecionada como um estado de bem-estar físico, emocional, mental e social em relação à sexualidade. Não se restringe aos aspetos da saúde reprodutiva, inclui também, a possibilidade duma vida sexual agradável e segura, intimamente ligada ao respeito, proteção e realização dos direitos humanos das pessoas.
A diminuição da libido relacionada com o stress decorre das alterações psicofisiológicas com repercussões no sistema nervoso autónomo, simpático e parassimpático.
No decurso da relação sexual, no homem, o parassimpático promove a ereção, e o simpático, a ejaculação. Na mulher, o parassimpático é responsável por produzir a ereção de todos os tecidos, aumentando o afluxo sanguíneo da genitália que leva uma maior produção de muco, facilitando a penetração. Os efeitos do stress, previamente descritos, vão bloquear a preparação para o ato sexual.
No decurso de acontecimentos stressantes, o organismo ajusta-se a um “modo de sobrevivência”, havendo aumento de frequência cardíaca e maior afluxo de sangue aos órgãos nobres, diminuindo funções não prioritárias, como o sexo. Por outro lado, o acréscimo na libertação de hormonas de stress, nomeadamente o cortisol, cujo acréscimo diminui a libido.
Todos temos acontecimentos stressantes no quotidiano, contudo, se reservar um tempo para si, e conseguir identificar os fatores indutores de stress, talvez isso possa ajudar a objetivar uma forma de os minimizar ou eliminar.
Para ajudar a reverter a resposta ao stress pode adicionalmente, recorrer a exercícios de respiração, exercícios de relaxamento progressivo, meditação, aromoterapia, entre outas atividades que podem levar a uma estabilização geral. Em situações mais graves recorra à ajuda de um especialista.
Por fim, uma última proposta, recorra ao toque, este tem um poder analgésico poderoso e não precisa haver sexo. Esteja de mãos dadas com alguém afetivo- sexualmente compatível, perca-se num abraço de, pelo menos, 20 segundos. Desse abraço resulta uma descarga de oxitocina, uma hormona que combate o stress.
Paralelamente aos efeitos fisiológicos do stress, temos de contar com os aspetos psicológicos. O stress faz com que a mente esteja ocupada, esgotada e incapaz para a interação sexual. Podem também ocorrer alterações do humor, o que também diminui a libido.
Um artigo da professora Ana Tapadinhas, psicóloga e sexóloga.
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