A presidente da associação de pais do CNSF, Marta Vasconcelos, evidenciou "preocupação" por "várias situações que vão condicionar o início do ano letivo 2016/17 para toda a comunidade escolar da cidade de Leiria".

Salientando que a mobilização destas associações de pais se centra na defesa da escola e de todos os alunos, João Ferreira, presidente da associação de pais do CCMI, disse temer que as escolas da área de influência destes colégios - União das Freguesias de Leiria, Pousos, Barreira e Cortes - não tenham capacidade para receber os 56 alunos que "foram convidados a frequentar o ensino público", uma vez que duas turmas de 5.º ano (uma em cada um destes colégios) perderam o financiamento do Estado.

"Incongruências" no estudo do Ministério da Educação

Em conferência de imprensa, os pais afirmaram que encontraram "incongruências" no estudo da rede elaborado pelo Ministério da Educação, pelo que promoveram reuniões com algumas das direções de escolas públicas da mesma freguesia e da União de Freguesias de Marrazes e Barosa para reunir informações sobre a realidade de cada escola.

"A EB 2,3 D. Dinis é de tipologia 30, ou seja, está a pensada para turmas de 30 alunos. Funciona em regime de desdobramento, o que não é aconselhável pedagogicamente, e possui amianto. Tem a lotação esgotada. Aliás, foi a D. Dinis que deu origem aos contratos de associação com os colégios da cidade", referiu Marta Vasconcelos.

O mesmo sucede com a EB 2,3 José Saraiva, que já está a "funcionar acima do número previsto", admitindo a possibilidade de apenas mais uma turma.

A Escola Secundária Afonso Lopes Vieira "está disponível para receber mais duas turmas", mas está "condicionada pelas obras da Parque Escolar que não se realizaram" e "possui amianto nas suas instalações".

Apesar de não ser da mesma freguesia, Marta Vasconcelos afirma que Marrazes é uma das escolas indicadas pela tutela para os alunos do CNSF ingressarem. "Trata-se de uma escola integrada em Território Educativo de Intervenção Prioritária, que poderá receber mais três a quatro turmas. Foi-nos referido que tradicionalmente dos 250 alunos que transitam para o 5.º ano apenas metade fica no agrupamento".

Marta Vasconcelos e João Ferreira alertam ainda para os números apontados pela Câmara de Leiria, que indicam a existência de "400 a 600 alunos" a estudar fora do concelho e que poderão ter de regressar a Leiria, onde residem.

"Podem imaginar o quão dramático, incerto e confuso vai ser toda a gestão de matrículas, contratação de docentes e não docentes e de transportes públicos por parte da autarquia”.

Os pais esperam que o Ministério da Educação reavalie a rede escolar localmente, pois as "realidades são diferentes", e alertam que os alunos que não ficarem nos colégios "terão de ingressar em alguma escola".

Marta Vasconcelos desafia ainda a tutela a olhar para as escolas sem divisão. "Se os pais escolhem os colégios é porque respondem positivamente a alguns critérios que consideram importantes, como a segurança. Por que não olhar de forma honesta e tirar os bons exemplos dos contratos de associação para a escola estatal e vice-versa? Há coisas boas e más nos dois lados”.