Numa conferência de imprensa realizada hoje em frente à escola básica Pedro Santarém, em Lisboa, professores, pais e elementos da associação de pais daquela escola alertaram para a “mais caótica abertura de ano letivo de que há memória”.
Na escola básica Pedro Santarém, por exemplo, “continuam a faltar 23 professores: três do 1.º ciclo, uma docente do jardim-de-infância e os restantes do 2.º e 3.º ciclo”, disse Patrícia Henriques, da associação de pais daquele estabelecimento de ensino.
Sem professores, os alunos do 1.º ciclo viram chegar à escola um monitor disponibilizado pela junta de freguesia e depois acabaram por ser “transferidos” para as salas de aula dos outros meninos, contou por seu turno, Carla Semeão, também da associação de pais.
Já no caso dos alunos do 2.º e 3.º ciclo, a situação “ainda é mais caricata: temos meninos que vinham às 8:30 da manhã para ter uma aula e depois às 9:30 regressavam para casa, porque não tinham mais professores para dar as restantes aulas”, criticou Patrícia Henriques.
“Esta é a mais caótica abertura de ano letivo de que há memória”, lamentou Patrícia.
Mesmo ali ao lado, no agrupamento de escolas da Quinta de Marrocos a situação repete-se, segundo os relatos do professor Manuel Grilo.
“Falta um professor do 1.º ciclo e vários do 2.º e 3.º ciclo. Há sempre problemas no arranque do ano, mas nunca houve nada desta dimensão. Nunca houve tantos alunos sem aulas e tantos professores sem escola”, criticou Manuel Grilo, que dá aulas naquela escola desde 2000.
Belardina Vaz, que é professora precária desde 1999, conseguiu este ano um horário de 14 horas na escola D. Pedro V, em Lisboa.
Todos os dias, desde que começaram as aulas, chega à escola e vê alunos sem aulas, por falta de professor de História, a disciplina que ministra. “Acho incrível que eu esteja ali com um horário reduzido e a direção da escola não me possa requisitar para dar aulas aos alunos que estão sem professor há cinco semanas”, criticou a docente.
Para estes professores e pais, o problema poderia ser facilmente resolvido: “Bastava o ministério decidir preencher as vagas colocando os professores pela lista de graduação nacional e o problema resolvia-se em dois dias”, defendeu Belardina Vaz, acrescentando que os professores já colocados deverão manter-se ao serviço e os que foram erradamente colocados deverão ficar para reforçar as necessidades das escolas.
Na quinta-feira, os pais e professores vão manifestar-se entre as 19h30 e as 20h30 em frente às escolas onde ainda há problemas e estão a apelar a que os manifestantes coloquem fotos da contestação na página de facebook.
Já aderiram ao protesto, o professor Santana Castilho, o presidente da Associação Nacional de Professores Contratados (ANVPC), Arlindo Ferreira, autor do blogue de Ar Lindo, Paulo Guinote, do blogue A Educação do Meu Umbigo, dirigentes sindicais e representantes de associações de pais.
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