Uma encomenda normal ficava mais barata, mas Ana Maria Rodrigues optou pela via Expresso, mais cara, por ser “mais rápida e segura”, com a garantia dos CTT que demorariam “sete dias úteis” a chegar ao Brasil os 4,6 quilogramas de roupa para bebé entregues numa das lojas de Bragança.

A encomenda, com o conteúdo identificado, foi expedida para Manaus, no Brasil, em 21 de maio de 2020, o bebé nasceu mais de um mês depois, a 26 de junho, cresceu e os mais de “800 euros” que a avó gastou em roupas para recém-nascido não serviram, já que passados três meses estão no remetente em Bragança sem chegarem ao destinatário.

Ana Maria contou à Lusa que, ao longo dos últimos meses, fez várias tentativas junto dos Correios para saber da encomenda, sem sucesso.

Em 24 de junho formalizou a primeira reclamação por escrito e recebeu em julho resposta escrita dos CTT a informarem: “O objeto encontra-se em tratamento no país destino e será encaminhado para a morada de destino que consta de guia de transporte”.

Na resposta, a que a Lusa teve acesso, a empresa atribui a demora, que levava quase dois meses, às medidas tomadas no Brasil, “nomeadamente a suspensão de voos de e para o país” devido ao “surto pandémico do vírus COVID-19 e ao aumento de casos de infeção verificados no país destino” da encomenda.

“Todo o tráfego de correspondência/encomendas com destino ao Brasil encontra-se reduzido ao mínimo. Por esse motivo existe uma demora significativa em todos os serviços postais locais, devido aos vários condicionamentos verificados no momento”, argumenta a empresa na resposta à cliente.

Ana Maria voltou a reclamar em 27 de julho, pedindo o reembolso dos 217,50 euros que pagou por o prazo não ter sido cumprido, mas ainda não obteve resposta.

“Dias depois” de fazer a última reclamação, recebeu em casa um aviso dos CTT para ir levantar uma encomenda numa das lojas de Bragança.

“Qual não foi o meu espanto quando, mal cheguei ao balcão, vi a encomenda”, contou à Lusa, garantindo que lhe foi devolvida “sem qualquer explicação” do regresso a Bragança.

“A encomenda veio tal e qual como foi para lá, sem mais nenhum papel colado, nada”, afirmou.

O filho reclamou no Brasil, a mãe em Portugal e ambos continuam sem saber o que passou.

Entre o valor do conteúdo e os portes, Ana Maria gastou “mais de mil euros”, que dá como “perdidos” pois o neto nunca pôde vestir as roupas e agora já não lhe servem.

“Queria que me dessem, pelo menos, o reembolso dos portes. A roupa há de haver alguém a quem a dar, se me devolvessem os portes não ficava com tanta revolta”, disse à Lusa.

Os CTT responderam, por escrito, às questões que a Lusa colocou à empresa sobre este caso num parágrafo em que atribuem o percurso desta encomenda a “questões relacionadas com documentação”.

“Os CTT informam que no seguimento das informações recebidas pelo operador postal de destino, o mesmo notificou que a remessa postal internacional foi devolvida ao remetente por questões relacionadas com documentação”, lê-se na resposta à Lusa.

A empresa refere ainda que “lamenta a situação e informa que se encontra a tomar as medidas adequadas junto do cliente.”