Trabalha há 20 anos no Serviço de Pediatria do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho. Foi “inspirar-se” nessa experiência a aconselhar pais e filhos durante todo este tempo para escrever este livro? De que forma?
Sentia a falta de um "material didático" de apoio à família, que pudesse ser utilizado para além do "tempo da consulta de Nutrição”, com alternativas de pequenos-almoços e sugestões de lanchinhos saudáveis, interpretação de rótulos nutricionais, entre muitas outras noções que considero importantes na alimentação infantil.
Diria que este guia nutricional é um manual de boas práticas para pais e avós ou também um receituário para toda a família?
A alimentação da criança é da competência da família mais próxima. A responsabilidade é dos pais. Estes são a sua maior referência mas, os avós, que cuidam no final do dia e nas férias escolares, também são importantes. Todos devem contribuir para a aquisição de bons hábitos alimentares e não adotar condutas contraditórias. Mas, há crianças que passam férias com tios ou outros familiares. Daí este guia ser para toda a família.
O livro assinala 25 erros na alimentação das crianças. Algum erro que, para si, seja mais prejudicial?
A Desvalorização da Alimentação (1º erro do livro) porque engloba todos os outros erros.
Certamente, ao longo de 20 anos, muitos hábitos de consumo alteraram-se… Tendo em conta a sua experiência, quais foram as maiores alterações na alimentação dos mais novos?
Há 20 anos que sigo crianças com excesso de peso e obesas, mas nos últimos anos, verifico que este excesso ponderal surge em idades mais precoces (começa em bebés). Preocupa-me muito! Surgem também em idade pediátrica doenças que antigamente eram classificadas como sendo “do adulto", como por exemplo a diabetes tipo 2. Os custos do tratamento destas pessoas vai ser elevadíssimo!
Quais os maiores desafios na alimentação quotidiana de uma criança? Isto é, quais as maiores dificuldades que os pais relatam no consultório?
Ter tempo para preparar refeições saudáveis. Os horários de trabalho em Portugal não são "amigos da criança".
Como define o que é uma “boa alimentação” para uma criança?
A utilização de produtos produtos hortícolas e frutos sazonais. Evitar alimentos embalados ou escolher os que forneçem menos o açúcar e gordura. Culinária simples, com refeições de peixe e porções de comida adequadas à idade da criança.
Que conselhos deixa aos pais que nos leem?
Comprem o meu livro e apliquem no dia a dia os conselhos que forneço. Não desistam. Fazer uma alimentação saudável é um desafio que implica motivação e persistência. Mas, os ganhos para a saúde são enormes e estendem-se a toda a família.
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